quarta-feira, 11 de junho de 2014

SEM OPOSIÇÃO – Rafael Brasil - 26.08.2006




SEM OPOSIÇÃO – Rafael Brasil


Como diria o velho rabugento e conspirador Magalhães Pinto, a política se parece com as nuvens. Uma hora está de um jeito ou de outro. É a imprevisibilidade que impera, e que deixa muitos politicólogos com as calças no chão. Até dezembro do ano passado, Lula estava em queda, fazendo a plutocracia paulista atropelar, via Alkmin/ Geraldo, a melhor candidatura das oposições, José Serra. Enquanto a oposição brigava, Lula, como todo político, desde o império, abriu as torneiras. Fez concursos, aumentando o número de funcionários públicos, aumentou salários e ampliou o bolsa esmola, que sai barato, coisa de oito bilhões, e intensificou a propaganda e a política. Aliás, desde a posse, o presidente não faz outra coisa. Fez comício de inauguração de obra nem iniciada, e está colhendo os louros da política econômica herdada de FHC, a qual ainda mantém de uma forma até mais conservadora. Faz propaganda até da educação, quando todos sabem que não se fez quase nada em seu governo. Retomou sua popularidade, mas seu patamar, fica sempre em torno de quarenta por cento do eleitorado, podendo chegar aos cinqüenta. O candidato oposicionista, que se mostrou um leão para afastar a candidatura Serra do partido, virou um gatinho, diante de Lula e suas contumazes mentiras. Faz um discurso morno, dito propositivo, sem idéias novas, e , sobretudo, não encarna o anti-lula, sentimento forte em grandes parcelas do eleitorado, mais notadamente os da classe média para cima. Não empolga ninguém, pois a essa altura, não percebeu que o ponto fraco de Lula é exatamente a questão da ética política, a qual, Lula e os petistas se mostravam os principais exemplos da nação. O próprio presidente, com o cinismo que deus lhe deu, disse que era o homem mais ético do país. O que mentiu não está no gibi. E a oposição não explora essas coisas. Por essas e outras, Toinho Malvadeza está de arrancar os cabelos, pois, como todos sabem, o coitadinho nunca gostou de bater em ninguém. E, com tanto telhado de vidro, e não se atira uma pedra. Que incompetência... E Lula e lulistas estão alegres com a possibilidade quase certa de “governar” esse país por mais quatro anos. Vai ser um mandato para ficar na história! Como esse primeiro, em que crescemos muito. Ainda mais que, parece, a economia mundial vai sofrer uns solavancos pela propalada possibilidade de recessão nos Estados Unidos. E a China vai continuar crescendo, deixando-nos para trás na produção , sobretudo a de valor agregado, fazendo-nos cada vez mais exportadores de produtos primários. Enquanto a China anda na velocidade de um fórmula 1, nós andamos de fusquinha. É o Brasil de sempre, vendo a banda passar, enquanto noço guia discursa para grupos mais amplos de analfabetos, funcionais ou não. 

Enquanto a China importa universidades, o Brasil as repele. Atentam para nossa segurança nacional dizem nossos “ arautos do nacionalismo”, que vão dos remanescentes dos tempos da guerra fria, aos quadros do velho stalinista PC do B. Só podem se instalar aqui, com trinta por cento do capital, e com associação com nossas renomadas universidades nacionais. Enquanto isso, precisamos ampliar o número de universitários do país, todos sabem disso, além do mais a sabedoria e a ciência são universais. Só a imbecilidade e a ignorância são patrimônios nacionais, e viva o Brasil! Vivemos a exaltação da burrice e da ignorância, um dos verdadeiros atributos da “alma” nacional. A televisão, os meios de comunicação menos votados, o congresso, e claro,o presidente declaram o Brasil, além de moreno, um dos campeões da idiotice global. Dentro de vinte anos estaremos ainda discutindo reforma tributária, e aonde botaremos os excluídos, só para ficarmos nestes exemplos. E quem será noço próximo guia? Lulistas mais chegados, como Tarso Genro, já pensam em ficar vinte anos no pudê. Como Collor e PC Farias, e também FHC, este ficando oito anos, quando saiu bastante desgastado, todos pensaram nos vinte anos. Será um número mágico? Mas a imbecilidade e a ignorância é “uma obra de séculos” diria Nelson Rodrigues. Num país de ignorantes e analfabetos, claro, a ignorância campeia. Não só a ignorância, mas a exaltação da mesma. E viva nóis!
Enquanto escrevo, o congresso ainda hesita em colocar deputados na cadeia, ou mesmo no caminho da inelegibilidade. O presidente noço guia, sentindo o gostinho da vitória, fala em pacto nacional. Ora, o país já está pactuado há mais de vinte anos, com a redemocratização. Cabe ao governo governar, e a oposição a chiar e quando possível mostrar o errado. É da natureza da democracia. O que o Brasil precisa é de reformas, que são sempre proteladas. Nem existe um projeto de Brasil, formulado pelas nossas elites, as quais o presidente faz parte há muito tempo, diga-se de passagem. E o presidente que nada vê, é um pragmático, que não ousa se meter em coisas complicadas, quem não sabe disso? O Brasil anda no piloto automático. Até quando? Esperemos mais quatro anos, mas vamos discutir desde já, a corrupção, a reforma política, a reforma tributária, a educacional, e sobretudo a moral. Abaixo a corrupção e a sem-vergonhice nacionais. Senão faremos como dizia o Barão de Itararé: Já que muitos se locupletam, que nos locupletemos todos. Será que devemos mesmo nos tornar todos ladrões? 



 Escrito por Rafael Brasil às 16h03

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