sábado, 23 de janeiro de 2016

"Como vim parar aqui?" - POR DIOGO MAINARDI



No final de 2012, eu (Mario) recebi a encomenda, por meio da agente literária Laura Susjin, de escrever um texto para a belíssima revista libanesa Portal 9 (www.portal9journal.org), editada em árabe e inglês. O tema era "Praça". Eu não podia fugir à coincidência, visto que morava numa praça, em Paris, como correspondente da revista Veja.
"Place du Palais Bourbon" foi publicado no Líbano, na primavera (no hemisfério Norte) de 2103. Quase um ano depois, a revista brasileira Dicta&Contradicta estampou uma segunda versão, "2, Place du Palais Bourbon", em que o narrador diz que o trabalho não foi aceito pelo editor libanês. Jogo de escritor.
É a segunda versão que resolvi reproduzir aqui (essa também é a graça de ser sócio de um jornal: você pode autodivulgar-se sem pudor). Espero que gostem. Há muita política nele:

2, Place du Palais Bourbon
Estou comendo uma madeleine de supermercado. Ainda que fosse uma madeleine caseira, como as que Proust comia, ela não teria efeito sinestésico em mim. E, se isso fosse possível, eu não saberia escrever como Proust. Ele teceria uma linda reflexão, por exemplo, sobre a praça em que moro, usando-a de pista de decolagem para voos vertiginosos como os de Harry Potter em sua vassoura mágica. Sim, estou juntando Proust e Harry Potter, o que é prova de como madeleines, no meu caso, reduzem ainda mais o que é já minúsculo – meu trabalho de escritor. Os bons autores, ou aqueles que se acreditam bons, usam o termo “minha literatura”, para denotar uma particularidade inerente a suas obras. Eu não ouso. Alguém que faz uma associação livre entre Proust e Harry Potter não pode falar em “minha literatura”. No máximo, pode culpar Proust por ter aberto a porta para que outros como eu pudessem fazer associações livres.
Madeleine de supermercado, Proust. A praça em que moro fica em Paris. Passo horas entrevendo-a através de uma das janelas da sala. Mas ela não me inspira nenhum sentimento. E, no entanto, é uma bela praça, em endereço elegante, com nome nobre: Place du Palais Bourbon. Fica em frente à verdadeira entrada da Assembleia Nacional francesa, cuja falsa entrada dá sobre outra praça, a da Concorde. Aqui do lado existe uma terceira. Tão grande que é uma esplanada, a dos Invalides, em cujo edifício majestoso repousa a tumba de Napoleão Bonaparte, meu vizinho mais ilustre, acho eu. Há também a praça da Igreja de Santa Clotilde, perto da minha agência bancária. O portão de ferro da igreja serve como gol para os meninos que jogam futebol no final da tarde -- e, invariavelmente, há uma bola presa entre as esculturas góticas tardias que enfeitam os arcos da entrada. Um dia, quando atravessava a praça, um menino me chamou: “Senhor, venha ver, venha ver!” Era um pato morto dentro de um saco plástico. O menino ficou esperando minha reação, mas eu só consegui dizer “que pena”. Eu não senti pena.
Como vim parar aqui, se não sou francês? Como vim parar aqui, se não sou um entusiasta de Paris, embora reconheça suas qualidades de mulher pela qual não se é apaixonado? (só para os franceses, Paris é uma cidade no masculino, “Le Vieux Paris”) Como vim parar aqui, se não fui anexado como o corso Napoleão Bonaparte? Sou um exilado. Limito-me a dizer que tive de sair do meu país natal por defender a lei no cumprimento do meu ofício. O dado irônico é que na praça em que moro há uma estátua chamada “A Lei”. É mais visível da janela do quarto. Quando acordo e abro a janela, dou de cara com a Lei.
Assim como madeleines jamais me transformariam em um Proust, o exílio não faz de mim um herói. Sou um homem e sua circunstância -- frase que, no mais das vezes, define um idiota. Mas não me sinto um idiota. Não sinto nada. É bom não sentir nada. É bom não sentir nada a respeito de si próprio. E não tenho ninguém a meu lado que possa ter uma opinião a meu respeito. É bom não ter ninguém ao lado que emita opiniões sobre você. Meu exílio é solitário como o último sanduíche de presunto ou atum que corro a comprar antes que a loja da rue de Bourgogne feche e eu fique sem jantar. Não julgue minhas linhas autocomplacentes, como o editor da revista libanesa que encomendou este – conto, ensaio, autografia? Elas só expressam o meu cotidiano. Os sanduíches são bons, e eu poderia ser mais organizado e fazer compras suficientes para não ter de sair correndo em busca da refeição noturna.
A Place du Palais Bourbon ajuda a que eu não sinta nada. Nela, não há crianças, não há fontes, não há árvores, não há bancos, não há namorados, não há bancas de jornal, não há vendedores de crepes, cachorros quentes ou badulaques turísticos. É uma praça de pedra, cercada por edifícios que datam do final do século XVIII e de meados do século XIX, dominada pela estátua “A Lei” e por uma bandeira da França em cima do pórtico da assembleia. Um pórtico com um relógio que, à noite, exibe um mostrador verde-limão. Às vezes, sinto algo, admito — que sou um estranho como o verde-limão do relógio. Mas não sei dizer se é um sentimento em relação a mim ou à praça. Talvez sejam dois sentimentos que se fundem. De qualquer forma, eles esvanecem rapidamente, e eu passo a meu presente estado natural: o de não sentir nada.
Eu diria que a Place du Palais Bourbon é uma cenografia da origem disso a que chamamos praça. Minha tese literária é que as praças nasceram como simulação urbana das grandes clareiras que proporcionavam a nossos ancestrais pré-históricos a sensação de amplidão. Era perigoso sair ao aberto de uma clareira, animais predadores e inimigos de tribos rivais sempre à espreita, mas o impulso devia ser irresistível. Finalmente, o céu. Finalmente, o horizonte infinito. Há um bom pedaço de céu sobre a Place du Palais Bourbon. A lua quase sempre permanece enquadrada na janela da sala próxima à mesa em que trabalho. Não sinto nada em relação à lua. Ela não evoca reminiscências, amores ou curiosidade sobre a origem do universo. A lua da Place du Palais Bourbon é só um ponto branco, ora maior, ora menor, nas noites límpidas. A lua da Place du Palais Bourbon é um rochedo morto que projeta sua luz morta sobre pedras mortas.
De simulações de clareiras, as praças passaram a ser cenários em que o céu e o horizonte só ampliavam o infinito de nossas crenças arrogantes, de nossas ideias boçais. Na Atenas antiga, as praças serviam à filosofia que elevou o homem a uma transcendência inexistente e à democracia dos poucos iguais. Na Roma dos césares, as praças serviam ao circo feroz proporcionado pelos poucos iguais ao restolho humano. Na Idade Média, as praças eram palco de autos de fé. Boa parte das praças ainda são extensões de igrejas. A mais monumental delas, a de San Pietro, em Roma, foi idealizada por Lorenzo Bernini, para que todos nós nos sentíssemos pequenos diante da Igreja Católica – e reverentes ao poder divino, representado por ela. Em San Pietro, eu me senti alegremente pequeno quando a conheci. Depois, comecei a não sentir nada quando ultrapasso o jogo barroco das colunas de Bernini e adentro o espaço projetado por ele.
Há também praças em que predominam símbolos do poder temporal. A praça da Signoria, em Florença, com seu Palazzo Vecchio, é uma das mais célebres. A primeira imagem que me vem à cabeça é a de uma noite chuvosa em que eu, acompanhado já não me recordo de quem, estava indisposto para apreciar a sua arquitetura magnífica. Um enjoo permanente, quase quimioterápico, tomara conta de mim na enésima visita à sala de visitas dos florentinos (aí está outra função das praças italianas). Anos depois, não muitos, estive em outra praça do poder temporal: a Tiananmen, em Pequim, na qual sobressai a fotografia de Mao Tsé-Tung pendurada na muralha do antigo palácio imperial. Lá, a imagem da Lei é o rosto redondo de Mao. Quando visitei a praça Tiananmen, fiquei perturbado com a quantidade de gente andando ao redor da bandeira chinesa no centro daquela imensidão desprovida de arquitetura. Não fiquei triste porque o regime havia matado lá um grupo de estudantes, vinte anos antes. É difícil entristecer-se diante da fotografia de Mao. Em Tiananmen, só senti o ridículo da ideologia que mata a tristeza, mata a alegria, mata a clareira.
Pela televisão e pelos jornais, acompanhei a multidão que ocupou a Praça Tahrir, no Cairo, para exigir o fim da ditadura egípcia. Assim como em Pequim, as grandes praças se transformaram em lugares de demonstração popular. Eu não sinto nada em relação a demonstrações populares. Minto. Sinto medo. A massa como um organismo único, dotado de vontade própria, é um monstro e, como tal, me assusta. Jamais irei à praça Tahrir. Pela televisão e pelos jornais, sua primavera pareceu-me um verão violento e nada mais.
Eu não tenho muito mais a dizer sobre praças, porque não tenho muito mais a dizer sobre mim ou sobre o mundo. O editor libanês não gostou de eu não ter muito mais a dizer sobre praças. Esse era o tema do número para a qual fui convidado a escrever. Ele até toleraria o que julgou ser autocomplacência, mas queria um sabor nacional em troca. Errou de cozinheiro. Sou sensaborão feito uma madeleine de supermercado. Queria também que eu discorresse sobre o meu exílio. Eu disse não. Assim, meu esboço – de conto, ensaio, autografia? -- foi rejeitado. Eu não tenho problemas com rejeição.
Na falta do que fazer, agora que cai a noite na Place du Palais Bourbon, e com a liberdade de ter sido recusado, decidi arrematar esta encomenda. Sabor nacional: as praças do meu país não passam de buracos mais feios do que o horror circundante. São povoadas de mendigos, traficantes, drogados, ladrões, prostitutas. Fedem a urina. Fim do sabor nacional. Sobre a minha relação com praças de verdade, não tenho a paixão antropológica que me permitiria apreciar aquelas que parecem simular tão-somente clareiras, como a dos museus em Amsterdam. As ruínas de Grécia e Roma deixaram de me emocionar, porque nelas só vejo a semente de nossa arrogância. Não acredito no Deus católico e, por isso, as grandes praças a ele dedicadas não me sensibilizam com a sua arquitetura que diminui o homem não à sua exata proporção, mas o reduz ainda mais a fim de engrandecer um ser sobrenatural que nós próprios criamos à nossa imagem e semelhança. Nas praças de Deus, ficamos menores porque nos vemos maiores do que somos, eis o paradoxo. Sou tão indiferente ao poder que já não desfruto histórica e esteticamente das praças construídas em homenagem a governantes. Temo a massa e, assim, fujo das que servem como palco para suas demonstrações, por mais justas que possam parecer.
O que me restou foi a Place du Palais Bourbon. Mas a sua beleza pétrea é desgastada continuamente pelos automóveis que a volteiam. No fundo, ela não passa de uma rotatória, em cujo centro está a estátua da Lei. Talvez eu devesse fechar as cortinas para nunca mais olhar a Place du Palais Bourbon. Talvez eu devesse procurar uma praça dentro de mim. Uma praça em que um menino brincava, e imaginava figuras desenhadas no céu vespertino, e projetava o futuro, e conversava com amigos. Um lugar tão comum quanto um lugar-comum. Mas eu teria de criar do nada esse menino. Eu teria de erigir do nada essa praça interior. Não posso, não ouso. Não sinto nada a meu respeito. O nada tem gosto de madeleines de supermercado. É bom poder comprar madeleines de supermercado.
"Quando abro a janela, dou de cara com a Lei."

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Fernando Gabeira: Das Cinzas ao carnaval


- O Estado de S. Paulo

A Operação Lava Jato começou o ano desatando fios de várias meadas. Um deles, as mensagens telefônicas do ex-diretor da OAS Léo Pinheiro. No vácuo político do recesso, a única variável com poder de alterar o quadro é o curso da Lava Jato e de outras operações da Polícia Federal.

As mensagens de Léo Pinheiro comprometem o ministro Jaques Wagner em alguns pontos. Um deles, sua interferência num fundo de pensão, a pedido da OAS. Negócio de R$ 200 milhões. Mais ou menos no mesmo período vazou trecho da delação de Nestor Cerveró também comprometendo Wagner. Desta vez na construção de um prédio destinado a abrigar a direção financeira da Petrobrás.

Cruzo os dados não para demonstrar culpa de Wagner. Mas para reafirmar que a Lava Jato é uma espécie de termômetro que permite vislumbrar ao menos algumas nesgas do futuro. No caso de Lula não poder disputar em 2018, Wagner era uma espécie de plano B. Há pedras no caminho.

As mensagens de Léo Pinheiro expuseram ainda mais o superexposto Eduardo Cunha. Trabalhavam intimamente, Cunha era um lobista da OAS. Eram tão próximos que combinavam doações que seriam feitas por empresa adversária, a Odebrecht. Na intimidade do diálogo com Léo Pinheiro, Cunha chamava a Odebrecht de “os alemães”, expressão usada nos morros do Rio para designar os rivais de outra área.

Eduardo Cunha já está enredado até a medula. E na troca de mensagens com o diretor da OAS ainda expôs outros políticos do PMDB e até a campanha de Temer para vice. Sinal de alerta para o futuro do partido. Lobão já teve seu sigilo bancário quebrado. Até que ponto é possível prever o futuro do PMDB antes do fim da Lava Jato?

O PSDB também aparece em delações premiadas. A primeira denúncia foi de Paulo Roberto Costa: teria pago R$ 10 milhões a Sérgio Guerra, então presidente do partido, para tornar inviável uma CPI da Petrobrás. Novos vazamentos da delação de Nestor Cerveró revelam que ele denunciou uma propina de US$ 100 milhões no período de Fernando Henrique Cardoso, paga por um negócio feito na Argentina, a venda da petrolífera Pérez Companc.

Tanto Sérgio Guerra como o ex-presidente da Petrobrás Francisco Gross já morreram. Mas isso não impede a investigação dos fatos, no momento muito vagos ainda. Mas se a Operação Lava Jato tiver a mesma duração de quatro anos da italiana Mãos Limpas, terá condições de iluminar ao máximo o período, para a nova fase da democracia brasileira começar a cumprir as promessas que vêm lá da luta pelas diretas.

O PT reclama de vazamentos seletivos. Tem vazado geral, para todos os lados. Parte do PP está atrás das grades. O problema do PT, além do volume, é o amplo domínio da máquina, a corrupção como forma de governo. Não bastasse Pasadena, surgiu agora Moamba-Major.

Esse é o nome de uma barragem em Moçambique, feita pela Andrade Gutierrez. Os africanos precisavam abrir uma conta no exterior, o governo brasileiro decidiu suspender essa condição para facilitar um empréstimo do BNDES de US$ 320 milhões. O banco afirma que foi uma operação normal e não viu risco no empréstimo. A resposta desse e de outros enigmas está na própria Lava Jato, pois deve começar logo a delação premiada da Andrade Gutierrez.

Como a agenda da Lava Jato domina os futuros passos políticos, o começo do ano novo é só um prolongamento do velho. Outra variável de peso que vem de 2015, a economia se degrada e o governo ainda me parece perdido. Ao mesmo tempo que lança metas inalcançáveis para melhorar suas contas, como CPMF e reforma da Previdência, orienta os bancos oficiais a facilitar o crédito.

Volta e meia se fala nas reservas nacionais, em detoná-las para criar um impulso na economia. O Brasil tem muito dinheiro, vamos gastá-lo. Mas o Brasil tem dívidas. Contando direitinho, ativos e dívidas, sobra menos do que parece. Além de ser pouco para o que pretendem, vai nos deixar totalmente na lona. Jaques Wagner disse que o governo não tem nenhum coelho na cartola para superar a crise econômica. A impressão é de que, se o tivesse, teria tirado. O enfoque da magia não foi rejeitado. Só acabaram os truques.

As variáveis Lava Jato e crise econômica não conseguem fechar o quadro. Mas influenciam uma terceira que, em combinação com elas, pode resultar na mudança.

Apesar de manifestações aqui e ali, a sociedade ainda não se pôs em movimento este ano. Até que ponto se vai manter distante? Não é uma passividade qualquer: cada vez recebe mais dados negativos sobre o País e seus governantes. É uma passividade informada. Ao menos tem os dados para avaliar, sabiamente, a hora de passar de um estado para outro, a hora de agir.

Dizem que o ano no Brasil só começa depois do carnaval. Mas o fluxo de dados não para. Ele transborda no carnaval em marchinhas, máscaras, fantasias e passa ele mesmo a ser um dado na própria análise da crise. Mesmo porque até o carnaval muita gente pode sambar.

A História não tira férias de verão. Já temos uma espécie big data dos escândalos, enriquecido diariamente com revelações, cruzamentos, checagens.

Sabemos que as chances de Eduardo Cunha ter feito fortuna no mercado são menores do que ganhar a Mega-Sena. As chances de os negócios de Cunha terem rendido o que declarou é de 1 em 257 setilhões; as de ganhar a Mega-Sena, 1 em 50 milhões. É o que diz um documento do inquérito. Não era preciso fazer tanta conta.

Melhor é apressar o passo. Num certo nível, o Brasil ganha credibilidade internacional com a Lava Jato: as investigações são independentes e nos põem no limiar da maturidade democrática. Em outro, as hesitações e fantasias diante da crise econômica agravam o quadro e solapam tal credibilidade.

Na Quaresma voltam os políticos. Mais uma variável da equação. Que instinto os moverá nessa volta, o de sobrevivência? Continuarão dançando na beira do abismo? Nessa hora o carnaval já terá passado. É 2016.

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*Fernando Gabeira é jornalista

Nelson Motta: Perguntas que não calam

• Os roubos para fins políticos deveriam ter um agravante de um terço da pena, pela amplitude dos danos que provocam

- O Globo

Roubo com fim político deveria ter uma pena maior. Com uma imensa população que adora futebol, grandes redes de televisão, patrocinadores poderosos, excelentes estádios, fartura de jogadores, o Brasil seria o mercado ideal para investimentos muito lucrativos no futebol profissional. Até nos Estados Unidos e na China o business do futebol está bombando. Por que os clubes brasileiros estão quebrados?

O pré-sal foi anunciado como o nosso “passaporte para o futuro” e houve briga acirrada pelo butim antes mesmo de extraída a primeira gota. Com o barril de petróleo a 30 dólares e os altos custos de produção do pré-sal crescendo, logo a exploração vai custar mais caro que a venda.

Mesmo sendo presidente da Petrobras durante a roubalheira institucionalizada, mesmo que os seus diretores e os seus maiores fornecedores estejam presos, José Sérgio Gabrielli ainda não foi sequer indiciado na Lava-Jato. O que a razão e a lógica não explicam, talvez só o esotérico possa responder: qual é o terreiro baiano que protege tanto Gabrielli?

Por que políticos ladrões acham que roubar para o partido, a campanha, o projeto, é mais nobre do que para si mesmo, se o dinheiro da corrupção servirá para fraudar o processo eleitoral e a democracia, roubando dos outros candidatos e de toda a sociedade o direito a eleições justas? Para criminalizar de verdade o caixa dois, os roubos para fins políticos deveriam ter uma agravante de um terço da pena, pela amplitude dos danos que provocam.

Como o setor público tem tantas vantagens funcionais e aposentadorias tão generosas, não seria justo que os funcionários que usem seus cargos vitalícios e seus poderes para roubar também tenham as suas penas agravadas?

O sociólogo petista Jessé Souza, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), diz que a culpa da corrupção é do capitalismo. No socialismo e no comunismo não se rouba? Mais Estado, mais corrupção.

Por que o governo federal e o estadual, em época de penúria da Saúde, não tem vergonha de seus orçamentos milionários de (auto)publicidade, que não sofreram cortes? Para nos dizer, com nosso dinheiro, que somos idiotas?

Eliane Cantanhêde: O mistério Lula-Collor



- O Estado de S. Paulo

Precisa-se criar, urgentemente, uma comissão multidisciplinar, com policiais, procuradores, advogados, cientistas políticos, economistas, matemáticos, gestores públicos e, claro, psiquiatras, para a sociedade brasileira tentar entender a incrível relação entre Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello.

Em 28 de junho, perguntou-se exatamente neste espaço por que raios a UTC teria doado R$ 20 milhões para Collor, duas décadas depois do impeachment. Afora o detalhe de que foi mais ainda que R$ 20 milhões, a nova pergunta é por que diabos Lula teria dado de presente para Collor uma estatal preciosa como a BR Distribuidora. Nem Freud explica.

Collor é de Alagoas, Estado pequeno com apenas nove dos 513 deputados federais, e é do PTB, partido que é o oitavo da Câmara, tinha 18 deputados em 2014 e elegeu 25. Detalhe: nenhum dos eleitos por Alagoas é do partido. Então, fica difícil compreender, com base na política e na aritmética, o que Lula tanto pretendia lucrar ao entregar a BR para Collor. Certamente, não eram votos no Congresso, ou só votos no Congresso.

Lula dirá que não sabe, não viu, não ouviu falar, não deu coisa nenhuma e, aliás, quem é mesmo esse tal de Collor? Como já disse que nunca teve nenhuma relação com o diretor de Finanças e Serviços da BR Nestor Cerveró, hoje delator da Lava Jato. Mas, se Collor não tinha nada com a BR, por que e para que ele recebeu o diretor de Finanças da empresa no aconchego da Casa da Dinda? E por orientação de quem?

Juntando as pontas: o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, escreveu numa denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal que Lula entregou a BR para Collor e loteou a subsidiária da Petrobrás em troca de apoio político. E, em delação, Cerveró disse que Lula lhe deu de presente uma diretoria (justamente de Finanças, não custa repetir...) como recompensa por sua atuação junto ao banco Schahin para desviar uma graninha para o PT.

Há, portanto, algum motivo para o presente de Lula para Cerveró, mas nada explica, à luz do dia e da lógica, que ele tenha jogado a subsidiária da Petrobrás no colo de Collor (sem trocadilho, por favor). É um mistério.

As histórias do sindicalista Lula e do “playboy” Collor cruzam em 1989, na primeira eleição direta para presidente da República após a ditadura militar. Collor não teve o menor prurido nem ao jogar na TV a história de uma ex-namorada e de uma filha de Lula. Foi um golpe baixo ao quadrado: além de não se falar da filha dos outros em vão, o próprio Collor tinha um filho em situação semelhante à de Lurian.

Collor eleito, Lula foi à forra com unhas, dentes e as feras do PT. Em aliança com policiais, procuradores e jornalistas, ele, José Dirceu, Aloizio Mercadante e os Waldomiros Diniz da liderança petista na Câmara foram expondo os Fiat Elba, as cascatas da Casa da Dinda e os dossiês do PC Farias que geraram os caras-pintadas e enterraram o mandato de Collor.

Zero a zero? Passados os oito anos de inelegibilidade, eis que Collor não apenas volta das profundezas do ocaso como é recebido com pompa e circunstância pelo adversário cruento. Abraçado a ele, Lula reduziu os embates anteriores a mera guerrinha política, previu que Collor faria um mandato “extraordinário” no Senado e meteu o ex-presidente no Aerolula. Agora, o procurador-geral informa que o meteu também na BR Distribuidora.

Dorival Caymmi escreveu e Carmen Miranda imortalizou uma pergunta que atravessa o País há décadas: “O que que a baiana tem?” E ensinou: “Ai, quem não tem balangandãs não vai no Bonfim/ Oi, quem não tem balangandãs não vai no Bonfim”. Hoje, a pergunta é outra: o que que o Collor tem? Deve ter muito rosário de ouro, uma bolota assim e põe balangandãs nisso! Não foi por Alagoas e pelo PTB que ele chegou no Bonfim. Muito menos na BR Distribuidora.

Reinaldo Azevedo: Por que Lula não é investigado?


- Folha de S. Paulo

Todos os caminhos da Operação Lava Jato levam a Lula e, por alguma razão que se perde nas brumas das apurações, ninguém é capaz de explicar, o Ministério Público Federal tampouco, por que o ex-demiurgo, convertido em verdugo da institucionalidade, não é um investigado. Ou, vá lá, para ser preciso: existe uma apuração na Procuradoria da República em Brasília para saber se ele praticou tráfico de influência em favor da Odebrecht. Dada a, digamos, onipresença do Babalorixá de Banânia nessa história, é café pequeno. Suspeito que, fosse outra empreiteira, nem isso haveria.

Dois delatores, cujas confissões já receberam a devida chancela do STF, atestam a interferência do ex-presidente no que acabou se constituindo em mais um empréstimo fraudulento ao PT. Refiro-me a Nestor Cerveró e a Fernando Baiano.

José Carlos Bumlai, o empresário que serviu para lavar a operação, confirma a sua condição de laranja. O próprio emprestador, o grupo Schahin, revela que dispensou o PT do pagamento da dívida quando conseguiu um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar um navio-sonda da Petrobras. Dito de outro modo: o empréstimo foi pago, na prática, pela estatal. Cerveró confessa: ganhou de presente, de Lula, um cargo na BR Distribuidora por ter viabilizado o acordo do Schahin com a Petrobras. Baiano confirma.

E, no entanto, lá vai todo pimpão o inimputável da República. Vai ver isso decorre daquela maioria excêntrica formada no STF, em 2009, que decidiu que o refúgio concedido a Cesare Battisti era ilegal, mas que cabia a Lula decidir se o terrorista ficaria ou não no Brasil. Ficou. Assim, os excêntricos de toga lhe concederam a licença única para decidir contra a lei. Com mais sorte do que Aquiles, não sobrou ao petista nem o calcanhar fora das águas da inimputabilidade. Ele próprio estranha o que está em curso e contratou, por precaução, um criminalista estrelado: Nilo Batista. Tenham paciência!

Na denúncia oferecida por Rodrigo Janot contra o deputado Vander Loubet (PT-MS), o procurador-geral informa que Lula dividiu as diretorias da BR Distribuidora entre o senador Fernando Collor (PTB-AL) e o PT. E todas serviam ao pagamento regular de propina. Ao se explicar, o ex-presidente dá uma resposta estupefaciente: as nomeações seriam de responsabilidade dos partidos. Pelo visto, ele apenas fazia a divisão dos feudos.

Por nada, o senador tucano Antonio Anastasia (PSDB-MG) se tornou um investigado. Um daqueles distribuidores de propina da quadrilha do petrolão disse ter entregado dinheiro a um homem muito parecido com o parlamentar. O reconhecimento foi feito por fotografia. Inquérito nele! Foi arquivado depois porque era lorota.

Petistas têm um modo muito peculiar de raciocinar. A cada vez que surge um indício contra o ex-presidente; a cada vez que seu nome é mencionado numa tramoia, a cada vez que se adensam as suspeitas, vociferam os companheiros: "Estão vendo? Tudo isso é para atingir Lula!" Pois é... Como ele vai se mostrando onipresente no escândalo, o petralha vê confirmada a sua tese.

Assim, segundo esse pensamento peculiaríssimo, quanto mais indícios aparecem contra Lula, menos a gente pode pedir que ele seja investigado para que não se caracterize, então, uma perseguição.
Entenderam?

O PT não é apenas uma fraude política, uma fraude ética e uma fraude histórica. É também uma fraude lógica.

Por que Lula não é investigado?

Alberto Goldman: Não há pena que pague os crimes


• Não há pena que pague os crimes cometidos pelo PT contra o Brasil. Nem há perdão possível.

- Blog do Goldman

O ano de 2016 começa ainda mais “quente” que o anterior. Cada dia que passa é uma notícia mais alarmante, um susto que supera o do dia anterior.

Poderíamos citar dezenas ou centenas de episódios nos últimos 13 anos que mostram o desastre dos governos petistas no Brasil. Chegamos à crise dos dias atuais pela gestação de diversas ações governamentais que emergem e explodem na atualidade. Contudo, vamos nos fixar no episódio que parece ser o mais gritante, que nos alarma cada vez mais sob o ponto de vista não só simbólico, mas como uma das questões mais importantes e de maior repercussão na economia brasileira: o que vem acontecendo com a nossa maior empresa, a Petrobrás.

Uma rápida lembrança: comecei minha vida política, em 1956, aos 18 anos de idade, no movimento estudantil na Escola Politécnica da USP e meus primeiros pronunciamentos foram na defesa do monopólio estatal do petróleo, recém inaugurado com a criação da Petrobrás. Durante anos e anos, esse foi o mote de vários discursos nos mais diversos cenários, defendendo um instrumento importante para a criação de uma Nação soberana que queria se desenvolver em benefício do seu povo.

Em 1991 escrevi um artigo para o Estadão, com o título “A Maioridade da Petrobrás” quando defendi que tantos anos após a sua criação o monopólio precisava ser flexibilizado fazendo com que a empresa passasse a disputar os mercados, sem a proteção de uma lei já ultrapassada. Os instrumentos precisavam ser modernizados. Isto é, era preciso que se permitisse que empresas privadas buscassem e disputassem o mercado para que a nossa estatal fosse obrigada a aperfeiçoar e modernizar a sua gestão garantindo que estivesse no mercado em função de sua competência e produtividade.

Só 5 anos depois, no governo FHC, é que se decidiu romper o monopólio, mantendo a Petrobrás como estatal, sem o monopólio que a lei lhe dava, competindo no mercado com outras petrolíferas. Na Câmara, como deputado federal, presidi as duas comissões que elaboraram a modificação da Constituição e a Lei do Petróleo então em vigor.

Esse novo quadro permitiu que a empresa desse um salto de qualidade permitindo-a a se associar às empresas privadas ou disputando com elas o mercado de exploração do petróleo.
Veio o governo Lula e a coisa desandou. Todos já conhecem hoje como ela foi tratada, como instrumento de captação de dinheiro, seja para as campanhas eleitorais, seja para o enriquecimento ilícito de alguns. O grande drama não é só o desvio de 2% ou 3% que foram as propinas pagas em licitações fraudulentas, inaceitável do ponto de vista moral. O pior é que as novas direções da estatal passaram a ter a propina como objetivo único da atuação da empresa, o que a levou a tomar decisões de gestão que se mostraram desastrosas, levando a prejuízos incalculáveis.

Para agravar a situação o governo Lula fez aprovar no Congresso Nacional uma nova lei do petróleo que garantia para a Petrobrás, na exploração do pré-sal, que ela teria um mínimo de 30% de participação nas empresas de propósito específico que se formariam para a sua exploração e que ela seria a operadora única na exploração, independentemente de ter ou não os recursos financeiros e a capacidade técnica de atender à exploração de todas novas jazidas, em todos novos contratos.

O resultado visível hoje é a incapacidade da Petrobrás de atender ao que a lei lhe destina e, em função do assalto que ela sofreu, a destruição do maior patrimônio econômico que o Brasil já construiu. Suas ações valem agora pouco mais que 5 reais cada uma, e chegaram a valer, em 2008, mais de 44 reais. Uma perda que vai se aproximando de 90%!

A empresa parece ter uma enorme dificuldade em recuperação, em especial agora que o preço do petróleo caiu, no mercado mundial, a menos de 30 dólares o barril. Ela faz uma tentativa desesperada de sobreviver vendendo grande parte do seu patrimônio, inclusive sua participação na Braskem, a grande empresa química e petroquímica, criada em associação à Odebrecht. Sua capacidade de investimento vem minguando e a sua meta de extração de petróleo que já foi de 4 milhões de barris para 2020, caiu para 2,7 milhões e a cada ano se apresenta menor.

Grande parte dos seus investimentos está paralisada, sem produzir nada, ou sem qualquer finalidade. Foram gastos inúteis, que não são negociáveis, feitos apenas para gerar contratos e propinas. Um crime de lesa pátria, impagável.

Lula e seu PT, inclusive a patética figura de Dilma Rousseff, são os grandes responsáveis pela situação atual da Petrobrás e de toda economia brasileira. Não há pena a ser imposta a eles que pague o prejuízo da Nação. Nem há perdão possível.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Falsificação integral - Olavo de Carvalho


Diário do Comércio, 25 de maio de 2014 
          

Já nos primeiros dez minutos do seu debate com Flávio Morgenstern no Grêmio Politécnico, sobre a ditadura militar (ver aqui), o prof. Igor Fuser exemplificou com rara concisão a regra de que ninguém pode mentir com eficiência se não falsifica primeiro a própria Ele começou se queixando de que não há espaço para debates sobre o tema na grande mídia, onde reina a versão oficial única e indiscutível. Quem o ouvisse acreditaria, portanto, estar diante de um porta-voz da minoria amordaçada. Uma vez transmitida essa impressão, o prof. Fuser estava livre para impingir à platéia, sem temor de represálias, a mesma versão oficial à qual ele parecia se opor. E assim ele fez.
 Essa versão é a seguinte: Em 1964 um governo democrático estava empreendendo, por vias legais democráticas, algumas reformas patrióticas que alarmaram o capital estrangeiro, o qual então se mobilizou para derrubar o presidente e instaurar uma ditadura.
É o que toda a mídia alardeia há mais de vinte anos, o que se repassa às crianças em todas as escolas do país, o que se imprime e reimprime em livros e mais livros de História. E foi o que o prof. Fuser repetiu com a cara mais bisonha do mundo, bem protegido sob a sua aparência enganosa de contestador da uniformidade.
É versão cem por cento falsa.
Em primeiro lugar, João Goulart não promoveu reforma nenhuma. Falou muito em reformas, mas até o último dia o Parlamento lhe implorou que enviasse ao menos um projeto delas, coisa que ele adiou, adiou e acabou não fazendo nunca. A lei mesma da remessa de lucros, que segundo o prof. Fuser teria sido a “causa imediata” do golpe, só o que Goulart fez com ela foi sentar-se em cima do projeto, que acabou sendo aprovado por iniciativa do Congresso, sem nenhuma participação do presidente. Se a fúria do capital estrangeiro contra essa lei fosse a causa do golpe, este teria se voltado não contra Goulart e sim contra o Congresso – Congresso que, vejam só, aprovou o golpe e tomou, sem pressão militar alguma, a iniciativa de substituir Goulart por um presidente interino.
Em segundo lugar, é falso que Goulart governasse por meios democráticos. Num governo democrático, o executivo não reina como um monarca absoluto, mas obedece as leis e cede às decisões do Congresso democraticamente eleito. Goulart fez tudo o que podia para fechar o Congresso, mandou invadir com tropas militares o Estado da Guanabara, fortaleza da oposição, e prender o governador Carlos Lacerda, matando-o se resistisse (a operação falhou por um triz). Não hesitou mesmo em usar contra esse Estado o recurso stalinista da “arma da fome”, vetando, através do seu cunhado Leonel Brizola, o fornecimento do arroz gaúcho que era uma das bases da alimentação do povo carioca. Como se isso não bastasse, protegeu a intervenção armada de Cuba no território brasileiro, ocultando as provas e enviando-as, por baixo do pano, a Fidel Castro. É eufemismo dizer que Goulart tramava um golpe de Estado: seu mandato foi uma sucessão de golpes de Estado abortados.
Terceiro: não houve nenhuma, literalmente nenhuma participação americana na preparação do golpe. A famosa “Operação Brother Sam”, tão demonizada pela esquerda, nunca foi nem poderia ter sido nada disso, e só adquiriu essa aparência graças a uma vasta campanha de desinformação lançada pela KGB logo após o golpe, conforme confessou o próprio chefe da agência soviética então lotado no Brasil, Ladislav Bittman. Nesse ponto a mendacidade esquerdista chega a ser deslumbrante. Todos os jornais do país – a maldita grande mídia a que o prof. Fuser finge se opor – até hoje usam como prova da cumplicidade americana a gravação de uma conversa telefônica na qual o embaixador Lincoln Gordon pedia ao presidente Lyndon Johnson que tomasse alguma providência ante o risco iminente de uma guerra civil no Brasil. Johnson, em resposta, determinou que uma frota americana se deslocasse para o litoral brasileiro. Fica aí provado, na cabeça ou pelo menos na boca dos fúseres, que os americanos foram, se não os autores, ao menos cúmplices do golpe. Mas, para que essa prova funcione, é necessário escamotear quatro detalhes: (1) A conversa aconteceu no próprio dia 31 de março, quando os tanques do general Mourão Filho já estavam na rua e João Goulart já ia fazendo as malas. Não foi nenhuma participação em planos conspiratórios, mas a reação de emergência ante um fato consumado. (2) A frota americana estava destinada a chegar aos portos brasileiros só em 11 de abril. Ante a notícia de que não haveria guerra civil nenhuma, retornou aos EUA sem nunca ter chegado perto das nossas costas. (3) É obrigação constitucional do presidente dos EUA enviar tropas imediatamente para qualquer lugar do mundo onde uma ameaça de conflito armado ponha em risco os americanos ali residentes. Se Johnson não cumprisse essa obrigação, estaria sujeito a um impeachment. (4) As tropas enviadas não bastavam nem para ocupar a cidade do Rio de Janeiro, quanto mais para espalhar-se pelos quatro cantos do país onde houvesse resistência pró-Jango e dar a vitória aos golpistas.
Para completar: se não houve intervenção americana, houve sim  intervenção soviética, e profunda. Se até hoje a esquerda vociferante não conseguiu dar o nome de nenhum agente da CIA então lotado no Brasil – e, sem eles, como participar de uma conspiração? --, documentos recém-revelados provam – com  Em dez minutos, o prof. Fuser conseguiu falsificar nada menos que tudo.