Judeus, Cristãos e Muçulmanos
Rafael Brasil
Uma das consequências mais graves do atentado terrorista contra os EUA, será, talvez, a demonização, pela mídia, dos povos, e das culturas muçulmanas. Mais especialmente, dos muçulmanos árabes. Ainda mais agora, que os falcões da direita e extrema direita parecem tomar conta da cena política. Ainda mais que, como sabemos, antes os demônios eram os comunistas, mais especialmente os russos. Depois da queda do muro de Berlim, os árabes já tinham sido eleitos como a encarnação do mal. Agora, depois dos tristes acontecimentos do fatídico 11 de setembro, as coisas evidentemente vão piorar. Imaginem vocês ser árabe e muçulmano e morar nos EUA neste momento. As perseguições e humilhações. Vejo nos jornais árabes perseguidos e até apedrejados nas ruas. Cenas horríveis, ainda mais quando conhecemos o tradicional racismo do povo americano, sobretudo dos brancos de origem anglo-saxã.
Já no Brasil, árabes, judeus e demais povos das mais variadas nacionalidades, convivem harmoniosamente há muito tempo, se destacando nas artes, na política, no comércio e nas finanças. Na literatura brasileira, mais especialmente de Jorge Amado, sempre tem um "turco" no pedaço. Falem o que quiser do Brasil, mas felizmente não temos guerras étnicas ou religiosas. Talvez a ortodoxia das religiões amoleçam nestas latitudes tropicais, e felizmente tudo acabe em festa. Claro, aqui por estas bandas existe preconceito racial, e sobretudo preconceito social. Nossas desigualdades sociais são vergonhosas, e nosso sistema judiciário e de segurança está em frangalhos. Mas Não temos problema étnicos ou religiosos comparáveis aos europeus e mesmo norte-americanos. Graças a Deus.
Portanto, demonizar a cultura árabe e muçulmana, não vale. Ainda mais que a Península Ibérica floresceu durante sete séculos, sob a dominação árabe. Que, diferentemente dos cristãos da época, eram tolerantes em relação à religião. Os conquistadores muçulmanos, cobravam mesmo os tributos, e claro, a obediência. Do século VIII, ao século XV os muçulmanos tiveram uma marcante influência sobre os portugueses e espanhóis. Povos pioneiros no processo de expansão marítima, comercial e de pirataria, sobre povos, de vastas regiões desconhecidas. Por isso, sem sabermos, somos um pouquinho árabes. Ou não? Expulsos os árabes, ficaram os judeus até a inquisição. Compunham a nata da inteligência peninsular, pois, cidadãos urbanos, pertenciam aos mais diversos setores do comércio e das finanças, e, claro, das classes inferiores, os excluídos da história. Quando foram expulsos pelos cristãos católicos da contra-reforma, migraram para os países baixos, para a Inglaterra, e depois, claro, para os Estados Unidos.
Os judeus foram implacavelmente perseguidos pelos cristãos, ao longo da história. Cristãos, que perseguiram implacavelmente os povos e as culturas indígenas nas américas, exterminando e dizimando populações e culturas inteiras. Não só os cristãos católicos, diga-se de passagem. Os cristãos protestantes da América do Norte, nem se misturavam aos índios. Matava-os como passarinhos, fria a implacavelmente. Pior do que na América católica.
O cristianismo, de certa forma, origina-se do judaísmo. Uma história sagrada que começa com a criação, e a existência de um setor de homens, a quem Deus ama particularmente. Para os judeus, eles próprios, os escolhidos. Para os cristãos, os convertidos. Para quem não sabe, nós cristãos, conservamos parte da lei hebráica, como o decálogo. E o Velho Testamento, da nossa bíblia, é judaico. Como os cristãos e judeus, os muçulmanos são monoteístas. Para eles, alá é o Deus, Maomé o profeta, o alcorão a bíblia, o livro sagrado. Desde a Hégira, a emigração de Maomé de Meca para Medina, em 622 d.c, que a religião e a cultura muçulmanas, avançam. Islã, quer dizer submissão do homem a deus. Àquele que tem fé em Alá é denominado muçulmano. Por isso, de certa forma, todos somos um pouco muçulmanos. Ou não?
Então, é preciso ter muito cuidado com a xenofobia fundamentalista norte-americana, que tantos males causou para toda a humanidade. Infelizmente, a xenofobia, irmã dos fundamentalismos, político, ideológico e religioso, deve ser combatida pelos democratas e socialistas do mundo inteiro. Senão, como no Apocalipse, entraremos todos na era das trevas. Que Alá nos proteja.
sexta-feira, 27 de junho de 2014
O mundo ficou doido? - Tudo o que é sólido desmancha no ar Rafael Brasil - 21.07.2001
O mundo ficou doido? - Tudo o que é sólido desmancha no ar
Rafael Brasil
Certamente o velho Marx, esteja onde estiver, está dando umas boas risadas com a conjuntura política internacional, dita pós-moderna. As esquerdas são contra a globalização. A direita, e os sociais-democratas, são a favor. A cada reunião de países ricos, o pau quebra. Bem que eles podiam se reunir aqui em Caetés, secretamente, comendo uma buchada na casa do meu amigo Tonho Barbosa, no sítio Pedra Grande. Só assim discutiriam com tranquilidade, os rumos da globalização, e o fazer para, se não acabar, diminuir as desigualdades neste cada vez mais conturbado mundo. O interessante é que as forças de esquerda, sobretudo as mais tradicionais, subitamente esqueceram as tradições internacionalistas, lutando contra a globalização, e consequentemente as previsões mais proféticas do velho Marx, apontando para a internacionalização da economia, e suas consequentes relações sociais. Assim, paradoxalmente, a bandeira do nacionalismo, no passado propagada pela buguesia constitui-se agora na principal bandeira esquerdista. Proletários de todo o mundo: desuni-vos! Que coisa! Seria este o novo lema da esquerda tradicional? Todavia, como sabemos, não é com gritos e palavras de ordem que se pode barrar o desenvolvimento das forças produtivas, da base econômica, para usar uma terminologia marxista. A questão seria: como este desenvolvimento poderia chegar aos povos mais pobres do planeta? Como incluir os excluídos planetários numa sociedade moderna, tecnologicamente avançada, e com estruturas sociais compatíveis com o desenvolvimento humano relativamente saudável? Será que o velho nacionalista responde a essas questões? Ou mesmo o remedo de socialismos que se experimentou, totalitário e estatista? Quais os paradigmas para um novo socialismo?
As desigualdades entre as nações são extremamente gritantes. Por isso o muro de Berlim vem sendo paulatinamente substituído, por um muro, embora invisível, que separa cada vez mais acintosamente os povos ricos, dos pobres. Esta barreira está contida sobretudo nas legislações dos países ricos, que se restringem ao máximo a migração dos pobres e desvalidos do mundo. Os sem terra, sem teto, e sem países, sem estado ou nações. As barreiras ideológicas cedem lugar às economias. O que fazer? Qual o futuro de inúmeros países, sobretudo os africanos, que foram construídos artificialmente, ao sabor dos interesses neo-colonialistas? Onde a corrupção, o autoritarismo, e os assassinatos em massa dizimam populações inteiras? São as sociedades sem estado, vivendo em situações para lá de caóticas, em que milhões de seres humanos sobrevivem, deus sabe como. Em outros termos, como ajudar ou mesmo esperar que estes países façam sua revoluções democráticas, como o consequente reaparelhamento das instituições e do estado? É difícil.
Em relação a nós, países considerados "emergentes", estamos por assim dizer, no meio termo. Ou seja, de consolidação democrática, com o devagar reaparelhamento do estado e suas instituições. Só que as reformas ainda não foram concluídas, e dúvidas pairam no ar, com as perspectivas da sucessão presidencial, com as forças retrógadas e populistas, que se apresentam com chances de levar o pleito. Veremos. E o socialismo? Bem, para chegarmos lá, seria interessante desenvolvermos o nosso cartorial capitalismo, que ademais sempre sobreviveu, de certa forma, às custas do estado. O caminho, como vemos, é tortuoso, difícil, mas não impossível. Afinal, o processo de inserção no capitalismo global, implica mais tecnologia e produção, se conseguirmos fazer uma verdadeira revolução na educação. Existem outros caminhos? Talvez, mas são mais tortuosos e incertos. E de incertezas já estamos cheios. Ou não?
ATRASO NACIONAL - RAFAEL BRASIL 23.11.2006
PISANDO NO TOMATE - 02.11.2006
VIOLÊNCIA – Rafael Brasil
19/07/2006 |
VIOLÊNCIA – Rafael Brasil Mais uma vez explode a violência no país. Ainda o PCC, comandando das cadeias, os atos de terrorismo, amedrontando a polícia e a população, matando policiais e agentes penitenciários, e queimando ônibus, paralisando os transportes da maior cidade do país. Parece até os antigos gibis, aonde se lia nossos super-heróis, lutando contra as mais variadas organizações criminosas, que nutriam planos mirabolantes para dominarem a cidade, no caso de Batman, ou mesmo o mundo, como em Super-Homem. Aqui, nossos bandidos se servem de arcaicas leis, da falência do judiciário e do sistema prisional, de uma polícia corrupta e desaparelhada, de um código penal arcaico, onde os crimes contra o patrimônio contam mais do que contra a vida. Por isso a impunidade corre solta. Além do mais, a cada dia que passa, nossas instituições são solapadas pela corrupção das elites, cada vez mais descaradas. Porém uma coisa é certa: o assunto vai esquentar na campanha eleitoral, e é bom que assim seja, pois não é mais possível fazer como Lula e Fernando Henrique, que cinicamente, jogavam o problema para as esferas estaduais, quando, o país nem dispõe de um sistema unificado nacional de informações, interligando as várias instâncias policiais, ou seja, as polícias estaduais, com as polícias federais. É preciso muita discussão, e sobretudo ação. A questão da violência é uma questão que envolve a própria questão democrática no país. É lógico que os corruptos não querem mudanças que impliquem em dureza para o pessoal de cima. É preciso pegar e prender os corruptos, agilizando os processos, e aumentando as penas. É comum aqui no nordeste, roubarem a merenda. E ainda esses cidadãos, andam pelas ruas livres e lépidos, posando de gente de bem. Afinal, como diz um ditado popular, n~eo é preciso ser honesto, é preciso parecer ser honesto. O povo também tem sua parcela de culpa, votando por um dinheirinho, ou pequenos favores. O povão devia mesmo era sair às ruas, exigindo providências, num movimento cívico permanente, até a efetivação das mudanças. Como na época das diretas já, que proporcionaria uma transição democrática sem traumas para a nação. É preciso escolher bem nossos parlamentares, pois o congresso é a base da democracia. E cortar privilégios para os políticos, que não são poucos. Desde os deputados federais, aos vereadores, que no meu entender seriam extintos. É preciso cortar, barrar privilégios, senão a república desanda. Mais do que já está, com o presidente dizendo que roubar é normal, porque todo mundo rouba. É preciso também urgentemente, portanto fazer uma grande reforma política. Aliás, a agenda para o próximo presidente é grande, já que Lula nada fez, além de segurar seu mandato, e tentar de todo jeito a reeleição. Se for ele o eleito, assim como apontam as pesquisas, perderemos mais quatro anos. Se for o picolé de chuchu, pode ser que tenhamos algumas novidades, mas pior do que Lula, impossível. Só Sarney. Mas felizmente este já está velho, e ainda segura sua oligarquiazinha no Maranhão, graças aliás, ao seu mais novo companheiro, o Lula. Mas o povão é também, além de desarticulado, mole. Lembro-me de relatos da segunda guerra mundial, quando os britânicos agüentaram os famosos bombardeios alemães durante toda a guerra. Na época sugeriram a rainha que se mudasse para a Escócia, para se livrar dos ataques, no que ela recusaria prontamente, preferindo ficar ao lado do povo. Por isso, quando morreu, com cerca de cem anos, foi amplamente homenageada pelo povão. Aqui, nossa ilustríssima primeira dama, pediu, e conseguiu, dupla nacionalidade italiana. Quando a coisa por aqui piorar, ela vai para a Itália? Enquanto escrevo, a guerra civil continua solta nesse país. Nesse pobre e podre país, podbre país, como diria o finado Décio Pignatari. Estamos nos acostumando ao medo,cercando nossas casas, e eletrificando nossas cercas. Até quando? É preciso perder o medo, e sair juntos às ruas, exigindo mudanças já. Um retumbante basta à violência e a corrupção, numa perspectiva de refundação republicana. Até quando, seguiremos bestializados, assistindo o assassinato dos nossos filhos, sobrinhos, netos? Por que só nos mobilizamos para festas, como São João, ou Carnaval, festas aliás onde morrem muitas pessoas, de facada, tiro, ou mesmo de linchamento? |
MARX E AS ESQUERDAS LATINO AMERICANAS - Rafael Brasil 21.07.2006
MARX E AS ESQUERDAS LATINO AMERICANAS - Rafael Brasil
Como diria um antigo professor, o carrancudo Inácio de Barros Melo, proprietário da faculdade de direito de Olinda: “Tremem em seus túmulos, Olavo Bilac, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco,” diante do português apresentado nas provas por seus alunos. Creio que o velho Marx diria o mesmo das burradas e contradições da nossa velha esquerda, agora alçada ao poder, não só no Brasil, mas em boa parte dos países da América do Sul. Claro, as esquerdas são plurais. A do Chile é diferente, mais digamos, social-democrata. Na Venezuela temos um populismo caricato altamente beneficiado pela deterioração ética da corrupta política local ao longo dos últimos trinta anos. Será que chegaremos lá? Na Argentina, quase todos os atores políticos ainda sobrevivem à sombra do velho peronismo, de direita e de esquerda. Agora temos um de esquerda. E amanhã? Na Bolívia, Evo Morales vem implantando sua política nacionalista, agora ameaçando botar lavradores de soja brasileiros para fora, além claro de espantar os investidores internacionais. No Uruguai, país mais cosmopolita, e tal qual a Argentina, seguidor de modelos europeus, os governantes, pragmaticamente, hoje conversam mais com os EUA, do que com os membros do falido mercosul, que agora teve a adesão da Venezuela. Para enterrá-la de vez, creio, sem pompa nenhuma aliás. Já o Brasil, Lula vem repetindo que nunca foi de esquerda, e a posição de líder esquerdista no continente foi passada para trás por Chávez. Metido em escândalos de corrupção, Lula só não perderá a eleição, pelas políticas clientelísticas que vem mantendo, sobretudo no Nordeste do país, região mais atrasada economicamente. Pobre Marx, se pensasse numa esquerda dependente dos votos das regiões mais atrasadas economicamente, ou seja, das regiões , digamos, pré-capitalistas. A união das esquerdas com as oligarquias, estas as principais beneficiárias das ações estatais, ao longo dos últimos quarenta anos, na região. Para Marx, as forças do capitalismo deveriam destruir impiedosamente as formas tradicionais de mandonismo político, substituindo-as por relações capitalistas, naturalmente mais progressistas.
Ademais, quem votou mesmo em Morales, foram os camponeses, ligados a produção de coca, de quem o mesmo foi líder. Em Chávez, votaram os pobres da periferia, que aliás não são poucos, dado o caráter excludente do antigo regime. Foram a classe dos sem classe, a quem Marx chamaria de lumpen- proletariado. Ou seja, a grande massa de excluídos, muitas, vítimas históricas de opressões das próprias elites nativas, e nem tanto do imperialismo, como muitos querem ressaltar. Ademais, para justificar nossas falhas, que não são poucas, é melhor acusar os outros, sobretudo os países mais ricos, não? Como todo populismo, estes líderes são caracteristicamente carismáticos, alguns oriundos de classes, ou etnias historicamente oprimidas e extremamente atrasadas economicamente, ex, Lula, Morales e mesmo Chávez.
Como não estamos mais nos tempos da guerra-fria, felizmente, existem poucas possibilidades de intervenções militares. Com exceção da Venezuela de Chávez, em que o mesmo está tutelando a democracia com o apoio dos militares, restringindo e controlando, não só o poder judiciário, mas também amordaçando a imprensa, e o congresso nacional, boicotado pelas oposições em permanente protesto, todos dizem apoiar a democracia, e lutar para o fortalecimento das instituições. Porém o certo é que, com a falta de resultados mais palpáveis, quais as forças que efetivamente vão cobrir as lacunas do populismo? O mesmo terá grande sobrevida? Pelas experiências históricas, creio que não, mas as elites políticas latino-americanas vão ter que integrar de certa forma as suas maioirias de excluídos. Se não, a descrença na democracia poderá possibilitar num futuro próximo, a volta de regimes autoritários, sejam populistas ou não, esmagando os democratas e socialistas do continente. E, a saída de tudo é indiscutivelmente, a globalização. Uma maior integração com a economia norte-americana, visando seriamente uma unificação, inclusive, mas não somente monetária. Ou seja, uma integração que atingisse em cheio a educação de uma forma geral, como a melhor forma de inclusão possível.
Seria o processo de uma verdadeira reformulação dos estados nacionais, cortando privilégios, e tornando-os cada vez mais transparentes. Colocar os estados nacionais verdadeiramente a serviço da população, cortando desperdícios, acabando de vez com os patriarcalismos e clientelismos, tão comuns em nossas práticas políticas. Um sonho? Não, uma própria imposição do processo de desenvolvimento das forças produtivas, modernizando-as e integrando-as num mercado cada vez mais globalizado, diria o próprio Marx. Que torceu como uma criança pela vitória do norte capitalista, contra o sul, agrário e escravocrata, quando da guerra da secessão, nos EUA, no fim do século XIX.
CHAVISMO E LULISMO – Rafael Brasil - 22.07.2006
22/07/2006 |
CHAVISMO E LULISMO – Rafael Brasil Além dos comentaristas da imprensa, geralmente abarrotados de pesquisas, com as mais variadas interpretações, assim como existe um chavismo, este organizado a partir de cima, principalmente pelo próprio governo, existe um lulismo aqui no Brasil. Mais espontâneo, vindo das camadas mais baixas, estas beneficiadas com os programas sociais do governo, a grande maioria dos eleitores de Lula nem querem saber do PT. Muitos até têm ojeriza ao partido, como inúmeros amigos meus daqui da região, que nunca foram de esquerda, muitos nem sabem o significado disso, e votam em Lula. Uns até o amam, achando-o permanentemente perseguido pelas elites que sempre combateu. Este tipo de raciocínio está na ponta da língua, desde um simples borracheiro, aos inúmeros milhares de professores universitários que o apóiam. Muitos estão migrando para Heloísa, os desencantados com o PT. Muitos ficam por puro cinismo, afinal, os cargos falam mais alto. A maioria ficará votando em Lula, como devotos de Frei Damião, que num tempo desses votaram noutro pretendente a messias, o Collor, o antigo caçador de marajás. O chavismo surgiu dos meios militares, Chávez é o coronel que tentou um golpe de estado há um tempo atrás, quando surgiu na arena política, sob os escombros das podres instituições democráticas venezuelanas, corroídas pela corrupção ampla geral e irrestrita. Depois de subir ao poder, logo tratou de fazer um movimento meio proto- fascista, com milhões de militantes, agindo, inclusive violentamente em seu favor. Depois mudou a constituição em seu favor, enquadrando o judiciário, e depois o legislativo, o qual as oposições renunciaram a disputa por absoluta falta de condições. E o pior é que, com décadas de corrupção, o descrédito em política e políticos, tornou difícil a própria renovação dos quadros políticos. E Chávez continua lépido e solto, como quase ditador, e o pior: tentando influir cada vez mais na política latino-americana, aonde, pelo menos nos setores de esquerda, tem milhares de admiradores, desbancando o próprio Lula. E isso montado nos milhões de dólares, proporcionados pela alta do petróleo, cada vez mais constante. E, Dizem, que Chávez está financiando movimentos ditos sociais no Brasil como o MST e congêneres. Apesar de vender a maior parte do seu petróleo aos EUA, a política externa chavista, é essencialmente anti-Estados Unidos. Se dá muito bem com Fidel, o eterno ditador de Cuba, corteja o fundamentalista Irã, e planeja viajar para a sinistra Coréia do Norte, e antes visitou o Iraque de Saddan. É muito tagarela, e realmente tem feito raiva aos Estados Unidos, que fechou os olhos quando quiseram golpear-lhe, quase com sucesso. Com o Brasil, cortejou Lula. Até golpear-lhe, instruindo Morales da Bolívia a rasgar os contratos da Petrobrás, com a nacionalização dos minérios de lá, sobretudo o gás, produto que abastece parte do parque industrial do sudeste. A aposta no gás, deve-se aliás a Fernando Henrique. Diante de proposta semelhante, a de utilizar o gás boliviano, o velho general Geisel, quando presidente, teria retrucado: “E quando os índiozinhos quiserem fechar as torneiras? Vão querer que eu mande o exército?” O gás boliviano vai ficar mais caro, e ficamos isolados pela Argentina, Venezuela e Bolívia. Chile, Uruguai, Peru, e até o Paraguai, vão, aos poucos, fechando seus negócios com os EUA. Afinal, para que estes desorganizados e desunidos do mercosul, se é bastante plausível, manter acordos com o império, sem intermediários? Nós Brasileiros deveríamos sim negociar a Alca, diretamente com os norte-americanos. Mas , como sabemos, deus limitou a inteligência dos homens, só não limitou a burrice. E haja burrice nisso, com países em pandarecos, querendo ser líderes de uma região desgraçada pela miséria, inclusive nos grandes centros mais desenvolvidos, como a Argentina e o Uruguai, o sul , sudeste e centro-oeste do Brasil, e a Venezuela cheia de petróleo. O Chile é um caso à parte, pois desde há muito que eles estão em processo de integração econômica, sobretudo com a costa oeste dos EUA, e os mercados do oriente, mais notadamente o crescente mercado chinês. O Chile exporta frutas, vinhos e cobre, essencialmente. Com o processo de integração econômica e economia ajustada há pelo menos duas décadas, o povo chileno hoje desfruta de uma situação bem melhor do que seus congêneres latino-americanos. Inflação baixa, bom nível de investimentos, boa educação, menos pobreza e desemprego. Aqui no Brasil, creio que não seria possível Lula dar um golpe. Os militares não deixariam, pois muitos não seriam comandados por um caudilho. Também por aqui, as oposições estão fortes, e temos um regular nível de participação política do povo, embora precisamos muito em mudar nesse aspecto. E, além do mais, o presidente segue a política econômica do governo anterior, pois, depois de duas eleições perdidas, Lula chegou a conclusão que estabilidade econômica é um dos pilares da democracia. Menos mal. E o conservadorismo, não só nacional, mas planetário, tecem loas a seu mais novo aliado. Justamente àquele que ,melhor sabe enrolar a plebe, com pão e circo. Se não foi possível o circo, com a desclassificação do Brasil na copa, mandam o pão do bolsa família, pois, com tanta miséria, milhões fazem muito proveito. E tudo isso custa uma ninharia, diante do ganho dos banqueiros, coisa de sete bilhões...de reais. Viram como a plebe se contenta com pouco? |
RETROCESSO DEMOCRÁTICO? – Rafael Brasil - 27.06.2006
27/06/2006 |
RETROCESSO DEMOCRÁTICO? – Rafael Brasil
Ainda estamos em clima de copa do mundo, e muita gente, creio que a grande maioria das pessoas, dêem como certa a vitória de Lula nas próximas eleições. As denúncias de corrupção não pegaram no presidente, que segue feliz e fagueiro, e com a maior cara de pau, diz que tudo de bom foi por causa de seu governo, que indubitavelmente, “foi o maior da nossa história”. E, claro, o melhor, ora bolas, as elites têm que engolir. Principalmente na economia, onde o país , segundo as previsões presidenciais, terá um salto efetivamente de qualidade, onde “assistiremos o milagre do crescimento econômico sustentado”.
As oposições, por sua vez, estão divididas, pois o melhor candidato em todos os sentidos, isto é , tanto em termos de qualidade intelectual, como em termos eleitorais foi afastado da disputa. Como o candidato ungido pelos caciques partidários, e pela plutocracia paulista, dizem, não decola, os nervos ficam à flor da pele. E esta eleição, ao que tudo indica, será polarizada, entre os dois candidatos, o do governo, outro da oposição, auto-intitulada de social-democrata. Mas eleições, são eleições, muito imprevisíveis. Um fato, uma pedra no meio do caminho, poderá mudar tudo. Ainda teremos a propaganda eletrônica, e se tiver segundo turno, a guerra será feia. Será, mais ou menos uma guerra para nada, ou quase nada. Os dois, não vão mudar a economia nem tampouco o sistema, menos mal. Mas com Lula, as coisas devem piorar. Como Sarney, este presidente tende a ceder ao peso das inúmeras corporações, freando as reformas. Já aumentou muito o gasto público, e tudo indica que vai gastar mais, dando aumentos significativos ao funcionalismo, judiciário e agora, militares. Professores nem pensar, pois o FUNDEB está parado, se não me engano no senado. O próximo presidente, inevitavelmente, terá que colocar a mão no freio. Será que, se eleito, Lula irá reclamar da herança maldita, como vem fazendo agora?
Lula ganhando, vai ficar mais difícil para governar. O PT terá sua bancada significativamente reduzida, pelos escândalos em que se meteu. Então, Lula ficará refém de nada mais, nada menos, do que o famigerado Sarney. Que quase acaba com o Brasil quando foi presidente. E a banda podre do velho e carcomido PMDB, claro, essa gente que vem mamando, desde os tempos da chamada nova república, que agora se parece cada vez mais com a velha. E os fisiológicos de sempre, que sempre permearam significativamente a nossa esfera política, estes egressos do PP, do PTB, PSB, e mesmo PC do B, que anda fazendo beicinho para Lula, mas o que querem mesmo são os cargos, os cargos do governo, os inseparáveis cargos.
Também está nas mãos do presidente, grande parcela dos movimentos sindicais, e os chamados movimentos sociais. Essa gente adoraria governar sem o parlamento. Para que parlamento, se ele só serve aos interesses burgueses? Ou melhor, vamos fazer um novo parlamento, seguindo inclusive outras regras do jogo? Aí a tentação. Tentação esta que balança nos corações e mentes de muitos marxistas-leninistas tupiniquins, como um tipo como Zé Dirceu, por exemplo...Isto é, se não tivermos candidatos à altura, ou mantivermos a inação, como arma política. A esse respeito, Trotski, diria que uma das piores posições políticas, é de inação. E a inação, digamos, está corroendo os mais variados corações e mentes de muitos setores realmente progressistas da nação.
Particularmente, vejo a provável vitória de Lula, mais como resultado da incompetência das oposições. Mas convenhamos, o presidente tem demonstrado um cinismo e cara de pau antes nunca visto no país. Diz coisas absurdas quase todos os dias. Para começar, as oposições deviam mesmo seguir suas recomendações em publicar amplamente as maracutaias deste governo. Já seria um bom início. Veremos.
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COISAS DA HISTÓRIA – Rafael Brasil - 22.06.2006
COISAS DA HISTÓRIA – Rafael Brasil - 22.06.2006
Lembro-me de um trecho de uma música, se não me engano de Pablo Milanez, compositor cubano pró-Fidel, interpretada por Milton Nascimento e Chico Buarque, que dizia: “...A história é um carro alegre/ cheio do povo contente/ que atropela indiferente/todo àquele que a nega...achava linda essa passagem. Sobretudo, porque, segundo um marxismo extremamente estruturalista, muito em voga nos anos cinqüenta, e ainda admirado por muitos idiotas da objetividade nos anos oitenta, as estruturas econômicas seriam inexoráveis. O indivíduo, nada. Segundo Plekhânov, se enfim, não existisse Napoleão, a história aconteceria do mesmo jeito, ou quase o mesmo. O mesmo poderíamos dizer com Lênin, Stálin, ou mesmo Hitler.
Pensando em termos de estruturas,econômicas, políticas, sociais e ideológicas, Hitler seria apenas a reação da direita, com medo de perder o poder para a nascente classe operária revolucionária, sujeito coletivo histórico da síntese marxista da história da luta de classes. Com o socialismo, a classe operária prepararia o caminho para o comunismo, através da ditadura do proletariado. Nada mais lógico. Segundo esta visão, com Stálin, a União Soviética consolidaria sua industrialização e a reforma agrária nos anos trinta, num salto econômico mais do que formidável. Os quinze, ou vinte milhões de vítimas do stalinismo, seja de morte matada, seja por morte de fome, seria apenas um triste e simples detalhe. Que tal?
Diante de tal positivismo, a história reage, com a estagnação econômica da então União Soviética, já em meados dos anos sessenta, quando o ocidente capitalista e o Japão revolucionam a produtividade, para logo depois inventar a informática, e a INTERNET. Contrariando a visão dos historiadores , cientistas sociais e políticos de plantão, das mais variadas tendências, o então todo poderoso império, ruiria, como um castelo de cartas. De podre, diga-se de passagem, permitindo a última revolução democrática do mundo, com a libertação dos países sob a hegemonia soviética, na Europa Oriental.
A imprevisibilidade da história faz parte, digamos da normalidade histórica. A maior previsibilidade na História é a própria imprevisibilidade, diria Hannah Arendt filósofa política judia/alemã. Para ela, o imprevisível, é o verdadeiro milagre. Milagre do surgimento da vida na terra, da vida inteligente, da pluralidade e da alteridade, características básicas da chamada condição humana.
Diferentemente das outras ciências sociais, a história não se constitui na busca de padronizações, mas de singularidades. Para o próprio Marx, a história não se repete. Nessa busca de singularidades, a história é , digamos, a base das ciências humanas e sociais. Sem o necessário diálogo com nossas experiências passadas, perdemos nossas identidades, nada somos.
Vivemos num país desmemoriado, digamos assim. A ignorância das nossas elites é estarrecedora, apesar de alguns avanços. A cada dia que passa, nossa memória vem sendo apagada das mais diversas formas. A história que ademais, não é um carro alegre cheio de um povo contente, mas uma série de fatos, muitos deles trágicos, que são, digamos desvendados nas múltiplas visões dos historiadores, e nas mais diversas formas. É a pluralidade histórica, digamos assim, refletindo a pluralidade das experiências humanas ao longo do tempo, enriquecendo nosso passado e nosso presente.
Afinal, quem previra, o impedimento de Collor, a ascensão de Fernando Henrique, e a corrupção do governo Lula, só para ficarmos nestes exemplos?
quarta-feira, 11 de junho de 2014
A Argentina e a crise do presidencialismo Rafael Brasil - 23.02.2002
OPINIÃO
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A Argentina e a crise do presidencialismo
Rafael Brasil
Imaginem este cenário: presidente fraco, sem a maioria no Congresso Nacional. Crise econômica cavalar, com desempregados saqueando lojas e supermercados. Corrida aos bancos. Moratória. Ou seja, crise econômica, política e social. Qual a saída? Renúncia ou golpe. Agitação nas ruas e nas bolsas. Finalmente o presidente renuncia, assumindo o vácuo do poder a maioria oposicionista. Reuniões intermináveis no congresso para garantir a vacância do poder, pois o vice também renunciara. Este foi o retrato da crise Argentina, que ainda não acabou. Talvez ainda seja apenas o começo. Vejam como o sistema presidencialista é complicado em relação a alternância do poder, sobretudo nos momentos de crise.
No Brasil, vimos o suicídio de Vargas, a renúncia de Jânio e a deposição de Jango, além de termos aguentado estoicamente os cinco anos de Sarney. Com 20 anos de ditadura no meio, não esqueçamos disso. Por essas e outras coisas, faz-se necessário que o sistema presidencialista seja devidamente repensado, não só no Brasil, mas em toda a América Latina, terra dos golpes e quarteladas, durante todo o século XX. Ou não? Afinal, o sistema parlamentarista reina em toda Europa, que goza de estupenda estabilidade política há pelo menos 50 anos.
É claro que na Europa os problemas econômicos foram devidamente solucionados por um capitalismo forte, e com estados que protegem os cidadãos, com ótimos sistemas educacionais, de saúde e de previdência. Mas, governos que não dão certo devem ser substituídos rapidamente, não? Pois o sistema parlamentarista é sabidamente muito flexível nessa importante questão. Se o governo está ruim, desmancha-se o gabinete (o governo) e convoca-se novas eleições. O partido ou coalizão vencedora assume o governo. Se fizer besteiras, cai novamente, e assim sucessivamente.
Lembram da Itália? Dizia-se que quase toda semana mudava o governo, e a Itália está aí, mais forte do que nunca, e com uma das economias mais fortes da Europa, não? Economia forte, e sobretudo, uma excelente qualidade de vida do seu povo.
Nossos ditadores riam da dança de primeiros ministros na Itália nos anos 60, mas qual foi o país que nos deixaram? E ainda por cima nos enganaram com propagandas falsas, censura, assassinatos e toda sorte de restrições políticas. Como diria o velho Paulo Francis, ditadura é sobretudo uma coisa extremamente chata. Um bando de idiotas e apaniguados a ditar regras à Nação.
Assim, é preciso repensar a nossa suposta "tradição" presidencialista, e encararmos a questão parlamentarista. Claro, nosso parlamento é forte, e sem ele nenhum presidente governa, como bem frisa o presidente Fernando Henrique Cardoso. Evidentemente, o parlamentarismo teria de vir acompanhado de inúmeras reformas na estrutura política, com o consequente fortalecimento dos partidos, e também do judiciário. Em outras palavras, uma verdadeira revolução em nossas instituições, o que é, convenhamos, muito difícil. Sobretudo, porque os nossos políticos não querem, pois acima dos partidos, das ideologias, sobrevém os interesses pessoais, ou mesmo regionais. Estarei errado?
Enquanto o parlamentarismo não vem, ficamos torcendo para que as crises não se avolumem, ao ponto de suscitar rupturas autoritárias, como tem acontecido no passado. Este filme, estamos vendo agora, está se repetindo na Argentina. Nade impede que não se repetirá aqui, num momento de grave crise. Saravá, isto não aconteça, pois já tivemos uma amarga experiência com Collor, de triste memória. Vade retro santanás!
Rafael Brasil Filho é bacharel em História pela Unicap e professor do Estado e da Faculdade de Formação de Professores de Garanhuns.
SEM OPOSIÇÃO – Rafael Brasil - 26.08.2006
PEGA LADRÃO! Rafael Brasil - 04.08.2006
CHAVISMO E LULISMO – Rafael Brasil - 22.07.2006
22/07/2006 |
CHAVISMO E LULISMO – Rafael Brasil
Além dos comentaristas da imprensa, geralmente abarrotados de pesquisas, com as mais variadas interpretações, assim como existe um chavismo, este organizado a partir de cima, principalmente pelo próprio governo, existe um lulismo aqui no Brasil. Mais espontâneo, vindo das camadas mais baixas, estas beneficiadas com os programas sociais do governo, a grande maioria dos eleitores de Lula nem querem saber do PT. Muitos até têm ojeriza ao partido, como inúmeros amigos meus daqui da região, que nunca foram de esquerda, muitos nem sabem o significado disso, e votam em Lula. Uns até o amam, achando-o permanentemente perseguido pelas elites que sempre combateu. Este tipo de raciocínio está na ponta da língua, desde um simples borracheiro, aos inúmeros milhares de professores universitários que o apóiam. Muitos estão migrando para Heloísa, os desencantados com o PT. Muitos ficam por puro cinismo, afinal, os cargos falam mais alto. A maioria ficará votando em Lula, como devotos de Frei Damião, que num tempo desses votaram noutro pretendente a messias, o Collor, o antigo caçador de marajás.
O chavismo surgiu dos meios militares, Chávez é o coronel que tentou um golpe de estado há um tempo atrás, quando surgiu na arena política, sob os escombros das podres instituições democráticas venezuelanas, corroídas pela corrupção ampla geral e irrestrita. Depois de subir ao poder, logo tratou de fazer um movimento meio proto- fascista, com milhões de militantes, agindo, inclusive violentamente em seu favor. Depois mudou a constituição em seu favor, enquadrando o judiciário, e depois o legislativo, o qual as oposições renunciaram a disputa por absoluta falta de condições. E o pior é que, com décadas de corrupção, o descrédito em política e políticos, tornou difícil a própria renovação dos quadros políticos. E Chávez continua lépido e solto, como quase ditador, e o pior: tentando influir cada vez mais na política latino-americana, aonde, pelo menos nos setores de esquerda, tem milhares de admiradores, desbancando o próprio Lula. E isso montado nos milhões de dólares, proporcionados pela alta do petróleo, cada vez mais constante. E, Dizem, que Chávez está financiando movimentos ditos sociais no Brasil como o MST e congêneres.
Apesar de vender a maior parte do seu petróleo aos EUA, a política externa chavista, é essencialmente anti-Estados Unidos. Se dá muito bem com Fidel, o eterno ditador de Cuba, corteja o fundamentalista Irã, e planeja viajar para a sinistra Coréia do Norte, e antes visitou o Iraque de Saddan. É muito tagarela, e realmente tem feito raiva aos Estados Unidos, que fechou os olhos quando quiseram golpear-lhe, quase com sucesso.
Com o Brasil, cortejou Lula. Até golpear-lhe, instruindo Morales da Bolívia a rasgar os contratos da Petrobrás, com a nacionalização dos minérios de lá, sobretudo o gás, produto que abastece parte do parque industrial do sudeste. A aposta no gás, deve-se aliás a Fernando Henrique. Diante de proposta semelhante, a de utilizar o gás boliviano, o velho general Geisel, quando presidente, teria retrucado: “E quando os índiozinhos quiserem fechar as torneiras? Vão querer que eu mande o exército?” O gás boliviano vai ficar mais caro, e ficamos isolados pela Argentina, Venezuela e Bolívia. Chile, Uruguai, Peru, e até o Paraguai, vão, aos poucos, fechando seus negócios com os EUA. Afinal, para que estes desorganizados e desunidos do mercosul, se é bastante plausível, manter acordos com o império, sem intermediários? Nós Brasileiros deveríamos sim negociar a Alca, diretamente com os norte-americanos. Mas , como sabemos, deus limitou a inteligência dos homens, só não limitou a burrice. E haja burrice nisso, com países em pandarecos, querendo ser líderes de uma região desgraçada pela miséria, inclusive nos grandes centros mais desenvolvidos, como a Argentina e o Uruguai, o sul , sudeste e centro-oeste do Brasil, e a Venezuela cheia de petróleo. O Chile é um caso à parte, pois desde há muito que eles estão em processo de integração econômica, sobretudo com a costa oeste dos EUA, e os mercados do oriente, mais notadamente o crescente mercado chinês. O Chile exporta frutas, vinhos e cobre, essencialmente. Com o processo de integração econômica e economia ajustada há pelo menos duas décadas, o povo chileno hoje desfruta de uma situação bem melhor do que seus congêneres latino-americanos. Inflação baixa, bom nível de investimentos, boa educação, menos pobreza e desemprego.
Aqui no Brasil, creio que não seria possível Lula dar um golpe. Os militares não deixariam, pois muitos não seriam comandados por um caudilho. Também por aqui, as oposições estão fortes, e temos um regular nível de participação política do povo, embora precisamos muito em mudar nesse aspecto. E, além do mais, o presidente segue a política econômica do governo anterior, pois, depois de duas eleições perdidas, Lula chegou a conclusão que estabilidade econômica é um dos pilares da democracia. Menos mal. E o conservadorismo, não só nacional, mas planetário, tecem loas a seu mais novo aliado. Justamente àquele que ,melhor sabe enrolar a plebe, com pão e circo. Se não foi possível o circo, com a desclassificação do Brasil na copa, mandam o pão do bolsa família, pois, com tanta miséria, milhões fazem muito proveito. E tudo isso custa uma ninharia, diante do ganho dos banqueiros, coisa de sete bilhões...de reais. Viram como a plebe se contenta com pouco?
Escrito por Rafael Brasil às 16h20
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RETROCESSO DEMOCRÁTICO? – Rafael Brasil - ARTIGO ESCRITO EM JUNHO DE 2006
27/06/2006 |
RETROCESSO DEMOCRÁTICO? – Rafael Brasil
Ainda estamos em clima de copa do mundo, e muita gente, creio que a grande maioria das pessoas, dêem como certa a vitória de Lula nas próximas eleições. As denúncias de corrupção não pegaram no presidente, que segue feliz e fagueiro, e com a maior cara de pau, diz que tudo de bom foi por causa de seu governo, que indubitavelmente, “foi o maior da nossa história”. E, claro, o melhor, ora bolas, as elites têm que engolir. Principalmente na economia, onde o país , segundo as previsões presidenciais, terá um salto efetivamente de qualidade, onde “assistiremos o milagre do crescimento econômico sustentado”.
As oposições, por sua vez, estão divididas, pois o melhor candidato em todos os sentidos, isto é , tanto em termos de qualidade intelectual, como em termos eleitorais foi afastado da disputa. Como o candidato ungido pelos caciques partidários, e pela plutocracia paulista, dizem, não decola, os nervos ficam à flor da pele. E esta eleição, ao que tudo indica, será polarizada, entre os dois candidatos, o do governo, outro da oposição, auto-intitulada de social-democrata. Mas eleições, são eleições, muito imprevisíveis. Um fato, uma pedra no meio do caminho, poderá mudar tudo. Ainda teremos a propaganda eletrônica, e se tiver segundo turno, a guerra será feia. Será, mais ou menos uma guerra para nada, ou quase nada. Os dois, não vão mudar a economia nem tampouco o sistema, menos mal. Mas com Lula, as coisas devem piorar. Como Sarney, este presidente tende a ceder ao peso das inúmeras corporações, freando as reformas. Já aumentou muito o gasto público, e tudo indica que vai gastar mais, dando aumentos significativos ao funcionalismo, judiciário e agora, militares. Professores nem pensar, pois o FUNDEB está parado, se não me engano no senado. O próximo presidente, inevitavelmente, terá que colocar a mão no freio. Será que, se eleito, Lula irá reclamar da herança maldita, como vem fazendo agora?
Lula ganhando, vai ficar mais difícil para governar. O PT terá sua bancada significativamente reduzida, pelos escândalos em que se meteu. Então, Lula ficará refém de nada mais, nada menos, do que o famigerado Sarney. Que quase acaba com o Brasil quando foi presidente. E a banda podre do velho e carcomido PMDB, claro, essa gente que vem mamando, desde os tempos da chamada nova república, que agora se parece cada vez mais com a velha. E os fisiológicos de sempre, que sempre permearam significativamente a nossa esfera política, estes egressos do PP, do PTB, PSB, e mesmo PC do B, que anda fazendo beicinho para Lula, mas o que querem mesmo são os cargos, os cargos do governo, os inseparáveis cargos.
Também está nas mãos do presidente, grande parcela dos movimentos sindicais, e os chamados movimentos sociais. Essa gente adoraria governar sem o parlamento. Para que parlamento, se ele só serve aos interesses burgueses? Ou melhor, vamos fazer um novo parlamento, seguindo inclusive outras regras do jogo? Aí a tentação. Tentação esta que balança nos corações e mentes de muitos marxistas-leninistas tupiniquins, como um tipo como Zé Dirceu, por exemplo...Isto é, se não tivermos candidatos à altura, ou mantivermos a inação, como arma política. A esse respeito, Trotski, diria que uma das piores posições políticas, é de inação. E a inação, digamos, está corroendo os mais variados corações e mentes de muitos setores realmente progressistas da nação.
Particularmente, vejo a provável vitória de Lula, mais como resultado da incompetência das oposições. Mas convenhamos, o presidente tem demonstrado um cinismo e cara de pau antes nunca visto no país. Diz coisas absurdas quase todos os dias. Para começar, as oposições deviam mesmo seguir suas recomendações em publicar amplamente as maracutaias deste governo. Já seria um bom início. Veremos.
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ESTOURANDO TUDO – Rafael Brasil - ARTIGO ESCRITO EM JUNHO DE 2006
21/06/2006 |
ESTOURANDO TUDO – Rafael Brasil
Antes das eleições, o governo está dando a corda toda. Abrindo concursos, aumentando muito o número do funcionalismo público, seus tradicionais eleitores, dando aumentos, tanto ao mesmo funcionalismo, como no salário mínimo, tudo muito bom. Só que , na vida e na economia, não existe almoço grátis. A conta vem depois, claro, para nós , contribuintes. Sem saber, e claro querer, pagamos tudo, ou quase tudo, compulsoriamente. Ou melhor, os governos tomam alegremente os tostões dos amargurados contribuintes, que trabalham aproximadamente quatro meses do ano para sustentar o estado. O estado comilão, e que oferece péssimos serviços, nem protege nem educa os cidadãos. Tem-se ampliado a esmola, e a propaganda da mesma. É o carnaval da socialização da miséria. Eu bem que desconfiava que ainda chegaríamos ao socialismo no alvorecer do século XXI. Aí está. Sirvam-se, ó socialistas de mesa de bar.
O presidente tudo fala, é um homem muito sabido. Esperto, escondeu-se o quanto pôde das acusações de corrupção, jogou tudo nas costas dos antigos comparsas, e está aí, firme e forte, com a ajuda das oposições, tem amplas chances de ganhar as eleições. Já está preparando amplos acordos, inclusive com a oposição, para o próximo governo, que deve servir para tapar os buracos, agora abertos, para agradar boas parcelas do eleitorado. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.
As oposições, coitadas. Trocaram um candidato de quarenta por cento das intenções de voto, e com algum carisma, por outro, sem carisma e com dezessete. Ainda vão ter que explicar tal obra de engenharia política. Na frente desses o presidente é mesmo um çábio. Um çábio político, ora bolas, e com o congresso desmoralizado, quem vai ligar para corrupção? Isso é coisa das minorias que lêem jornais, ora bolas, o povão mesmo quer mesmo saber é da copa do mundo, regada a cerveja e carne assada. Mesmo que a cerveja seja parcialmente subsidiada, não tem problema. Ou poblema, afinal todo mundo rouba, e querem tirar nosso presidente por roubar? Pelo menos para nós, sobra um pouquinho, mesmo que a conta venha a ser altamente salgada depois. Depois da farra dos pobres.
Enquanto escrevo, a economia internacional estremece com a alta dos juros nos Estados Unidos. Que, juntamente com o mundo, cresceu bem mais do que nós, nos três últimos anos de relativa bonança. Pegamos carona, mas crescemos pouco. Nosso çábio presidente nenhuma reforma institucional fez. Tudo muito difícil, e sobretudo trabalhoso, costurar acordos, varando madrugadas...Trabalhoso e chato. Melhor andar de avião, e falar diretamente com o povão, nesse intenso vestibular para mais um pai dos pobres. Mais um. Na verdade esse pessoal se alimenta da miséria e da ignorância, que por aqui são fartas. Se os pobres e ignorantes acabarem o que será dessa gente? De que viverão os políticos demagogos e os padres de passeata? E dos ladrões que roubam botando a culpa no social, os larápios sociólogos? Será que um dia ficaremos livres da miséria da ignorância? Perguntem ao bispo, pois cada vez de nada sabemos.
Enquanto isso, mais uma vez o povo vai sendo passado para trás, por um governo essencialmente corrupto e soberbamente mentiroso. Tão mentiroso que um dia a gente, se não tiver muito cuidado, um dia acredita, como os idiotas da objetividade, que nos tempos de Nélson Rodrigues eram poucos, mas agora somam milhões. Estamos mesmo lascados. Escrevam aí. Num futuro próximo estaremos pior. Vocês duvidam?
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sexta-feira, 6 de junho de 2014
MEDIOCRIDADE E SENSO COMUM – Rafael Brasil - TEXTO ESCRITO EM 13.06.2006
Lá pelos idos dos setenta, século XX, o discurso de oposição ao regime militar era nacionalista, do ponto de vista econômico. Uma afronta ao nacionalismo dos militares, que, até Geisel, estatizaram o quanto puderam. Figueiredo significou o desmanche, aliás planejado do regime, embora a desconfiança dos militares com políticos como Brizola e Arraes, fossem mais que latentes. E Figueiredo, não era nenhum liberal, diga-se de passagem.
Pelos discursos da oposição, inclusive os classificados pelas esquerdas como liberais, a maioria, parece-me que não era nem um pouquinho liberal. Ademais, o discurso privatista neo-liberal, só iria sensibilizar corações e mentes depois do advento de Margareth Teatcher, a chamada dama de ferro britânica, e Ronald Reagan, nos anos oitenta. Antes, nem se falava nessas coisas, e bradava-se de norte a sul do país, que, o nosso mal maior seriam as empresas multinacionais. “Que, diariamente, tiravam o sangue da nossa nação, juntamente com o governo norte-americano”, que, evidentemente, por questões estratégicas, preferiam engolir, como engoliram o nacionalismo dos militares. Quando engoliram Geisel e seu acordo nuclear com a Alemanha, acordo que deu muito lucro aos alemães na época. O discurso contra as multinacionais, animava os comícios de norte a sul do país. Ulysses Guimarães, Paulo Brossad, Franco Montoro, Orestes Quércia, Marcos Freire, Tancredo Neves, Thales Ramalho, isto sem falar nas esquerdas tradicionais afastadas do jogo político, desde a década de quarenta, e militando no então MDB, todos mantinham esse mesmo discurso, que pela idiotice intrínseca, caiu por desuso, com um certo tempo é claro. Porém, mesmo depois de derrubado o muro de Berlin, os nacionalistas ainda estão com a corda toda, com um discurso anti-imperialista e um nacionalismo de dar dor de barriga. Claro agora não criticam diretamente as multinacionais, que pagam regiamente seus impostos, na nossa complicada rede tributária, e empregam muitas pessoas. Agora, pelo menos nos discursos, a coisa melhorou muito. Até as esquerdas mais tradicionais admitem atrair empresas estrangeiras, embora muitos ainda torçam o nariz por isso.
O senso comum caracteriza-se, digamos, por conceitos e preconceitos emitidos numa determinada época histórica pelo populacho, tomando às vezes ares de dogma. É como afirmar que, a principal causa da violência é social. Esta afirmação, repetida milhares de vezes por milhões de idiotas de plantão, sociólogos de mesa de bar, e alhures, criminaliza a pobreza. Não me consta que o estado do Piauí seja o mais violento do país, por ser o mais pobre. O que faz crescer a violência é, essencialmente, a impunidade. Menos de um por cento dos crimes são solucionados , com o sucateamento , desorganização, e corrupção das polícias, e a lentidão do judiciário, só para ficarmos nestes exemplos. Além é claro, de uma certa cultura urbana que glamouriza, digamos, a marginalidade. Não me costa também que países bem mais pobres do que o nosso, os índices de violência sejam maiores. Aqui, mata-se nos bares, cinemas e estádios de futebol, com uma naturalidade, digamos, franciscana. Um horror!
Bem diria o saudoso Paulo Francis, que a voz do povo é a voz da imbecilidade. Quase nenhum sociólogo , destes de mesa de bar, admite, mas o povo também tem culpa no cartório, pois também, como as elites, é bem safadinho, digamos assim. Votam por dinheiro, e nalgumas regiões, por uma dentadura, ou um par de chinelos, ou mesmo uma camisa. Com dois milhões se elege um deputado estadual. Quatro para federal, dependendo é claro o estado da federação. Muita gente que vai à igreja toda semana, compra peças de carro roubadas, costuma dar propinas, e acha perfeitamente natural uma corrupçãozinha. E, sabemos, que, quem rouba um tostão, rouba um milhão, diria meu avô, o velho carrancudo Fausto Souto Maior.
Por essas e outras, estamos sendo governados por um torneiro mecânico, que todo mundo sabe que prevaricou, colocando na cúpula governamental mais de quarenta ladrões comprovados, e ainda posa de honesto. Que queria amordaçar a imprensa, e procurou todo o tempo abafar as CPI,s instaladas no congresso que investigavam sua falcatruas mil. O senso comum diz que é conspiração de elites, ou mesmo, se todos roubam, deixa o lulinha, que é agora o eternamente paz e amor, roubar também. Ademais, esse é um governo que realmente nunca se viu neste país. Amém.
RECORDAR É VIVER - ARTIGO DE 21.06.2006 - COISAS DA HISTÓRIA – Rafael Brasil
Lembro-me de um trecho de uma música, se não me engano de Pablo Milanez, compositor cubano pró-Fidel, interpretada por Milton Nascimento e Chico Buarque, que dizia: “...A história é um carro alegre/ cheio do povo contente/ que atropela indiferente/todo àquele que a nega...achava linda essa passagem. Sobretudo, porque, segundo um marxismo extremamente estruturalista, muito em voga nos anos cinqüenta, e ainda admirado por muitos idiotas da objetividade nos anos oitenta, as estruturas econômicas seriam inexoráveis. O indivíduo, nada. Segundo Plekhânov, se enfim, não existisse Napoleão, a história aconteceria do mesmo jeito, ou quase o mesmo. O mesmo poderíamos dizer com Lênin, Stálin, ou mesmo Hitler.
Pensando em termos de estruturas,econômicas, políticas, sociais e ideológicas, Hitler seria apenas a reação da direita, com medo de perder o poder para a nascente classe operária revolucionária, sujeito coletivo histórico da síntese marxista da história da luta de classes. Com o socialismo, a classe operária prepararia o caminho para o comunismo, através da ditadura do proletariado. Nada mais lógico. Segundo esta visão, com Stálin, a União Soviética consolidaria sua industrialização e a reforma agrária nos anos trinta, num salto econômico mais do que formidável. Os quinze, ou vinte milhões de vítimas do stalinismo, seja de morte matada, seja por morte de fome, seria apenas um triste e simples detalhe. Que tal?
Diante de tal positivismo, a história reage, com a estagnação econômica da então União Soviética, já em meados dos anos sessenta, quando o ocidente capitalista e o Japão revolucionam a produtividade, para logo depois inventar a informática, e a INTERNET. Contrariando a visão dos historiadores , cientistas sociais e políticos de plantão, das mais variadas tendências, o então todo poderoso império, ruiria, como um castelo de cartas. De podre, diga-se de passagem, permitindo a última revolução democrática do mundo, com a libertação dos países sob a hegemonia soviética, na Europa Oriental.
A imprevisibilidade da história faz parte, digamos da normalidade histórica. A maior previsibilidade na História é a própria imprevisibilidade, diria Hannah Arendt filósofa política judia/alemã. Para ela, o imprevisível, é o verdadeiro milagre. Milagre do surgimento da vida na terra, da vida inteligente, da pluralidade e da alteridade, características básicas da chamada condição humana.
Diferentemente das outras ciências sociais, a história não se constitui na busca de padronizações, mas de singularidades. Para o próprio Marx, a história não se repete. Nessa busca de singularidades, a história é , digamos, a base das ciências humanas e sociais. Sem o necessário diálogo com nossas experiências passadas, perdemos nossas identidades, nada somos.
Vivemos num país desmemoriado, digamos assim. A ignorância das nossas elites é estarrecedora, apesar de alguns avanços. A cada dia que passa, nossa memória vem sendo apagada das mais diversas formas. A história que ademais, não é um carro alegre cheio de um povo contente, mas uma série de fatos, muitos deles trágicos, que são, digamos desvendados nas múltiplas visões dos historiadores, e nas mais diversas formas. É a pluralidade histórica, digamos assim, refletindo a pluralidade das experiências humanas ao longo do tempo, enriquecendo nosso passado e nosso presente.
Afinal, quem previra, o impedimento de Collor, a ascensão de Fernando Henrique, e a corrupção do governo Lula, só para ficarmos nestes exemplos?
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