segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

FEIJOADA - BELO LOPES


FEIJOADA
Semana passada comemorou-se , sem alarde nenhum, o dia da feijoada. Que já se transformou num prato genuinamente nacional.
Segundo o senso comum, a feijoada foi inventada pelos escravos, que adicionavam ao feijão os restos de carnes que os senhores brancos desprezavam. Ou seja, orelhas e pés de porco, o rabinho, as costelas enfim, tudo o que encontramos neste prato saboroso.
Porém, segundo o  grande Câmara Cascudo em sua monumental História da Alimentação Brasileira, as carnes da feijoada nunca foram desprezadas pelos europeus. A feijoada foi uma derivação do famoso cozido europeu, mais especialmente português. Um cozido adicionado do feijão preto, embora a feijoada tenha muitas variações, como a pernambucana que é feita com feijão mulatinho. É nosso conhecido feijão gordo, que também leva inúmeros legumes.
Já o feijão preto, há tempos já era largamente consumido pelos índios, muito antes da chegada dos portugueses em Pindorama. Porém o feijão nosso de cada dia não é feijoada, esta acompanhada dos vários ingredientes que tão bem conhecemos.

Viva a feijoada, prato gostoso que não é muito recomendado pelos médicos de hoje, estes até em culinária muito politicamente corretos. Mas uma feijoada, acompanhada da indígena farinha, é uma delícia.  E o famoso caldinho de feijão, com uma boa dose de cachaça, nem se fala! O popular “ele e ela”. Aliás o caldinho de feijão é muito popular no Nordeste, mais especialmente no Recife. Quando jovem gostava de tomar umas canas num boteco da rua da Imperatriz, que só servia caldinho com cachaça. A dona, uma senhora que não lembro o nome, dizia que vendia cerca de seis caldeirões de vinte litros por dia. A  cachaça era servida em filtros de barro. E fazia a alegria minha e de meus grandes amigos notadamente cachaceiros, como Breno Augusto,  Sérgio Murilo e o velho amigo de faculdade Newton Banks e Roberto Almeida e Roberto Linguinha, ambos de Capoeiras.  Além de meus tios, Ronaldo, Rogério e ocasionalmente Faustinho, que nem gostava muito de comer. Só de ver a feijoada já ficava babando.  Aliás, nunca conheci nenhum tipo de comida para tio Faustinho não gostar. De cérebro de boi a moqueca de camarão.

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