FEIJOADA
Semana passada comemorou-se , sem alarde nenhum, o dia da
feijoada. Que já se transformou num prato genuinamente nacional.
Segundo o senso comum, a feijoada foi inventada pelos
escravos, que adicionavam ao feijão os restos de carnes que os senhores brancos
desprezavam. Ou seja, orelhas e pés de porco, o rabinho, as costelas enfim, tudo
o que encontramos neste prato saboroso.
Porém, segundo o grande Câmara Cascudo em sua monumental
História da Alimentação Brasileira, as carnes da feijoada nunca foram
desprezadas pelos europeus. A feijoada foi uma derivação do famoso cozido
europeu, mais especialmente português. Um cozido adicionado do feijão preto,
embora a feijoada tenha muitas variações, como a pernambucana que é feita com
feijão mulatinho. É nosso conhecido feijão gordo, que também leva inúmeros
legumes.
Já o feijão preto, há tempos já era largamente consumido
pelos índios, muito antes da chegada dos portugueses em Pindorama. Porém o
feijão nosso de cada dia não é feijoada, esta acompanhada dos vários
ingredientes que tão bem conhecemos.
Viva a feijoada, prato gostoso que não é muito recomendado
pelos médicos de hoje, estes até em culinária muito politicamente corretos. Mas
uma feijoada, acompanhada da indígena farinha, é uma delícia. E o famoso caldinho de feijão, com uma boa
dose de cachaça, nem se fala! O popular “ele e ela”. Aliás o caldinho de feijão
é muito popular no Nordeste, mais especialmente no Recife. Quando jovem gostava
de tomar umas canas num boteco da rua da Imperatriz, que só servia caldinho com
cachaça. A dona, uma senhora que não lembro o nome, dizia que vendia cerca de
seis caldeirões de vinte litros por dia. A
cachaça era servida em filtros de barro. E fazia a alegria minha e de meus
grandes amigos notadamente cachaceiros, como Breno Augusto, Sérgio Murilo e o velho amigo de faculdade
Newton Banks e Roberto Almeida e Roberto Linguinha, ambos de Capoeiras. Além de meus tios, Ronaldo, Rogério e
ocasionalmente Faustinho, que nem gostava muito de comer. Só de ver a feijoada
já ficava babando. Aliás, nunca conheci
nenhum tipo de comida para tio Faustinho não gostar. De cérebro de boi a
moqueca de camarão.
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