segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Petrobras tornou-se uma ex-estatal hemorrágica30 Josias de Souza15/12/2014

 19:27

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O signatário do blog testemunhou a cena: após submeter-se a uma sabatina, em julho, Dilma Rousseff contou aos repórteres, entre risos, uma história pitoresca. Hóspede eventual do Alvorada, uma tia da presidente evita andar pelo palácio durante a noite. Tem receio de encontrar o espectro do general João Baptista Figueiredo, último presidente do ciclo militar.
Hoje, um novo fantasma assombra a residência oficial de Dilma. É o fantasma dela mesma, no tempo em que era uma esquerdista avessa às privatizações e acusava o tucanato de tramar a venda da Petrobras. A Dilma de ontem flutua sobre a cabeça da atual quando ela é arrancada do sono por pesadelos provocados pela Operação Lava Jato.
Arrematada pela pirataria partidária, a Petrobras tornou-se uma ex-estatal hemorrágica. Nesta segunda-feira (15), as ações da companhia derreteram mais de 9%. O papelório evaporou mais de 25% em uma semana. Deve-se a queda às dúvidas ateadas no mercado pelo adiamento da divulgação do balanço da ex-estatal e às certezas expostas nas ações penais que o juiz Sérgio Moro deflagra no Paraná. Como se fosse pouco, a cotação internacional do petróleo despenca.
Saqueada por partidos e varejada por procuradores e delegados federais, a Petrobras começa a dar adeus ao seu cronograma de investimentos. Vê-se momentaneamente compelida a priorizar o gerenciamento de sua megadívida —coisa de US$ 110 bilhões. E Dilma, aterrorizada pelo fantasma dela mesma, assiste passivamente à derrocada da ex-estatal.
Atônita, Dilma demora para formalizar o afastamento de Graça Foster, uma presidente que já não preside a Petrobras. E autoriza a prorrogação da licença de Sérgio Machado, um apadrinhado de Renan Calheiros que jamais deveria ter sido acomodado no comando de uma subsidiária como a Transpetro.
Alguém precisa levar um exorcista para o Palácio da Alvorada. Nos últimos dias, o fantasma da antiga Dilma passou a dar rasantes sobre a cama da Dilma atual. Carrega um cartaz com um lema da década de 50: “O petróleo é nosso.” A presidente finge que não vê.

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