segunda-feira, 29 de setembro de 2014

EDUCAÇÃO LIVRE OU EDUCAÇÃO ESTATAL? - J.O. de Meira Penna

EDUCAÇÃO LIVRE OU EDUCAÇÃO ESTATAL?

Revista Leader IEE

J.O. de Meira Penna 



Deve a educação em seus três níveis, fundamental, médio e superior, ser livre e mantida pela iniciativa privada; ou deve ela ser estatal e inteiramente dependente do poder público?

Minha resposta a essa questão se sustenta na realidade de uma educação brasileira medíocre. Registamos ainda um alto coeficiente de analfabetos, um número vergonhoso de iletrados funcionais e nosso sistema universitário é tão precário e comprometido que qualquer jovem desejoso de elevar-se numa carreira profissional liberal é obrigado a fazer ou complementar seus estudos na Europa ou nos Estados Unidos.

Verifica-se que o Estado, notoriamente corrupto e ineficaz, possui um poder dominante no ensino de primeiro grau e no ensino superior. O ensino médio é o único com uma presença marcante da iniciativa privada. Isto cria um gargalo que favorece as classes altas, abastadas. O jovem de família de classe média para cima vê aberto o final de sua educação em Universidades, federais e estaduais, gratuitas - numa estrutura anti-democrática arcaica que favorece o controle patrimonialista do poder. O atual esforço dirigido contra as escolas privada tem por fim estatizá-las e completar o domínio de toda a educação pelos marxistas da vertende gramsciana. Os professores, em grande parte filiados à CUT, exigem aumento de salários e contaminam o ensino com seus preconceitos ideológicos de esquerda, enquanto os pais dos alunos pedem redução de mensalidades e o Estado aumenta os impostos. O objetivo óbvio é liquidar com o único ensino que pretende ser livre em nosso país. No Ensino universitário, a concorrência desleal, exercida pelo poder político que fornece um ensino gratuito para as classes patrimonialistas ligadas ao Estado - representa um privilégio da Nomenklatura burocrática e um escândalo perverso do ponto de vista da alegada “justiça social”. Significa estar o país deliberadamente dando as costas às perspectivas de progresso, desenvolvimento econômico e integração no novo mundo globalizado, segundo os princípios da democracia liberal moderna.

O baixo nível geral da educação está associado a essa hegemonia exercida pelo Estado - um estado centralizador segundo o modelo positivista-socialista, imposto ao país com a República e autoritário na tradição da Contra Reforma e do Absolutismo monárquico ibérico - servindo-se da educação para recrutar burocratas subservientes e egoístas. Que esse Estado é corrupto e ineficiente, a prova empírica a obtemos diariamente pelo noticiário da imprensa e da TV. Os países adiantados da Europa e América do Norte, com alto nível educacional, seguiram o modelo anglo-saxônico que entregou o ensino a corporações privadas, originariamente de natureza religiosa e sustentadas por doações filantrópicas, e às comunidades municipais. A tradição da public school, não obstante o nome, era a de um ensino descentralizado em que o Estado, substituindo-se à Igreja da Reforma, não metia o bedelho. Foi essa public school privatizada quem forneceu a elite responsável pelos prodígios da civilização moderna.

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