sexta-feira, 28 de março de 2014

MARX, BRASIL E CHINA - RAFAEL BRASIL - 08-06-2009



MARX, BRASIL E CHINA

Quando digo que os marxistas tupiniquins não estão com nada, são anti-marxistas, ou mesmo não compreenderam o mesmo, muitos me acham engraçado, quando não petulante. Meu enteado de nove anos, meus gatos que moram no quintal, meu primo Lourenço,que mora em Jataí, Goiás, cidade que notabilizou-se na história do Brasil quando serviu de palanque para o toque inicial para a construção de Brasília, lá pelos idos dos anos cinquenta, e meu tio, o Faustinho é claro,são os que de alguma forma lêem este blog, devem pensar nas idiotices contumazes deste articulista de botequim. O certo é que, a China, com um sistema autoritário de governo, abriu a economia ao capitalismo, planejadamente, desde a ascensão de Deng Chiao Ping em meados dos anos setenta, depois da morte de Mão, que quase leva o país à anarquia econômica e à fome generalizada, uma década antes, com a chamada, e por muitos esquerdistas como Sartre aclamada, revolução cultural.
Até os ortodoxos do partidão chinês compreenderam que nada melhor do que o capitalismo para chegar ao socialismo. E que socialismo, afinal, não seria a socialização da pobreza, mas a distribuição da riqueza, fundamentada na produção e tecnologia, com um brutal crescimento do sistema educacional. Com muita sabedoria, o partido comunista opera a revolução burguesa do país, que já incorporou,ou mesmo incluiu mais de quatrocentos milhões de pessoas ao sistema de produção e consumo, dentro de uma perspectiva de uma economia global.
A China tem crescido a taxas de mais de dez por cento por ano, durante pelo menos mais de uma década, tornando-se desde já,uma das grandes potências mundiais, mudando o mapa geopolítico do mundo, quebrando a unipolaridade hegemônica dos EUA, e abrindo o caminho para a bipolaridade com a própria China como um dos principais protagonistas da política globalizada. Hoje, os chineses são credores dos EUA, tendo um grande peso no sistema financeiro mundial, e sua política externa, visando a aquisição, sobretudo de matérias primas,é muito agressiva em todos os continente, inclusive a África, para não dizer da América Latina, afogada em seus nacionalismos corporativistas e seus caudilhos e coronéis salvacionistas.
Lula visitou a China procurando liderá-la, pois o bicho é muito sabido, juntamente com àquela equipe do itamarati que pensa que fala grosso e vai ter uma grande importância na política internacional no século que ainda se inicia. Não arrancou nada dos chineses, que devem ter achado engraçado nossas pretensões. Nas relações econômicas entre os dois países, o Brasil já se apresenta como um país de segunda, sendo um grande exportador de comodites e importador de produtos industrializados. A China está preocupada em ampliar suas relações com os países ricos, sobretudo com os Estados Unidos ampliando sua participação na política global. E o Brasil? Continua com as forças produtivas nas mãos de estatocratas corporativistas que comandam o estado, com seus enormes déficits, e com uma estrutura tributária que sufoca o trabalho e o capital. E a corrupção campeia , não só com o beneplácito do governo, mas sobretudo associada ao mesmo.
Se o Brasil crescesse cinco por cento, nossa infra-estrutura não agüentaria. Quase tudo o que o estado arrecada vai para pagar funcionários públicos em todas as esferas, e para cobrir rombos como o da previdência. Para investimentos, pouco mais de cinco por cento. Além de termos uma estrutura educacional em pandarecos, e uma força de trabalho amplamente desqualificada, com mais da metade vivendo no setor informal, nossa mão de obra tem pouco mais de cinco anos de estudo.  Argentina tem dez. O estado brasileiro tem sido ao longo de nossa história recente, o grande empecilho para o desenvolvimento de nossas forças produtivas. Na China, os antigos privilegiados estavam no Partido Comunista. Com a adoção do capitalismo, estão democratizando a riqueza. No Brasil , a nomenklatura é mais forte. Quem vai derrubar nossa bastilha? Quem vai ser nosso herói que vai nos salvar da quase eterna barbárie? Será Lourenço? Ou mesmo Breno, com suas teses sociológicas? Ou tio Faustinho a ouvir um Augusto Calheiros e tomar umas pingas lá de Santos? Só se resolve estas questões numa mesa de bar. Alô pessoal, quem vai tomar a primeira? 

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