quinta-feira, 5 de março de 2015

Energia solar doméstica, até que enfim incentivada no Brasil


Energia solar doméstica, até que enfim incentivada no Brasil

Quando a água bate na bunda, as pessoas agem. Mas justamente por não ter mais água pra bater na bunda, o governo finalmente vai estimular a produção doméstica de energia solar.
Na Austrália, todo mundo que tem um quintalzinho nos fundos produz energia fotovoltaica para consumo próprio e vende o excedente para a rede pública. No Brasil, o lobby do setor elétrico tem feito de tudo para que isso não seja possível.
Depois de muita resistência, o governo tomou algumas medidas paliativas em 2012, que não resolveram o problema. A ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, passou a permitir que os consumidores, residenciais e empresariais, ligassem seus sistemas fotovoltaicos na rede elétrica e “fornecessem” a energia excedente para as distribuidoras, em troca de um crédito na conta de luz.
Ora, isso até pode funcionar para uma empresa, que tem picos e sazonalidades no consumo e às vezes precisa de reforço. Mas o comum dos mortais produz energia em casa justamente para não ter que usar a eletricidade paga! Portanto, de nada adianta o crédito do qual nunca ou raramente fará uso. Eis uma pegadinha!
Em recente matéria no Estadão, a repórter Naiana Oscar relatou outra faceta dessa pegadinha:
“Hoje, se o proprietário de um sistema solar consome 200 kWh de energia e injeta um excedente de 100 kWh na rede, ele paga o imposto em cima de 300 e não dos 200 que ele consumiu. Minas Gerais resolveu adotar uma regra própria e cobrar o tributo apenas sobre a diferença por um prazo de cinco anos, colocando o Estado na liderança dos projetos de sistema solar do País: são 80 ante 43 de São Paulo.”
O governo promete melhorar as regras até julho deste ano, além de abrir linhas de financiamento para a instalação de sistemas solares particulares.
Projeta-se um custo inferior a R$ 15.000,00 para um sistema residencial capaz de fornecer até 500 kWh por mês, que equivale ao consumo de uma família de classe média.
Esse custo poderia ser amortizado em menos de 10 anos. Como a vida útil de um sistema de energia solar fotovoltaica é de 25 anos, Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar afirmou ao Estadão:
“Vencidas as barreiras do financiamento e da tributação, vale muito a pena. Depois de recuperar o investimento, o proprietário vai gerar durante 15 a 20 anos energia quase que de graça.”
A produção particular de energia solar entre os australianos é tão alta que as grandes distribuidoras de eletricidade estão tendo problemas com o excesso de carga nas suas redes. Afinal, foram construídas para distribuir, não para sugar tanta energia.
australian
Photo by The Atlantic Post
As distribuidoras estão a ponto de só comprar o excedente de energia de residências, escolas e organizações governamentais: “Rooftop solar panels overloading electricity grid“.
Que maravilha, na Austrália não falta, sobra energia elétrica por causa dos paíneis fotovoltaicos instalados por milhões de australianos em suas residências!
Se liga, Brasil, com tanto sol!

PhotoThe Australian News, Creative Commons

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