quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Diário do Olavo: a mídia comunopetista e a necessidade de um Estado-Maior - OLAVO DE CARVALHO



A mídia foi o primeiro terreno onde o comunopetismo firmou sua hegemonia e de onde partiu, com base firme, para a conquista do restante.

Todo mundo está muito enganado com relação à função da mídia, [as pessoas pensam assim:] "nós temos um problema na escala federal, um problema dentro da classe política, e a mídia está tomando partido a favor de um dos lados – descaradamente". O problema não é este, a mídia não é um órgão auxiliar que está tomando partido para ajudar: a mídia é a peça central do sistema. Recue no tempo e pergunte qual foi o primeiro setor da sociedade onde a esquerda implantou a sua hegemonia; [a resposta é] a mídia, trinta anos antes de o PT chegar ao poder. A mídia não é um elemento a mais, ela é o centro do problema. Muito tempo atrás eu dizia (e o pessoal não entendia o que eu estava dizendo) que não adiantava brigarem com o PT, era preciso brigar com a Folha de São Paulo, com O Globo, as manifestações tinham de ser feitas na frente d’O Globo, era preciso desmoralizar O Globo e a Folha – sobretudo estes dois órgãos. A mídia foi o núcleo da hegemonia. Se a mídia não ocultasse por dezesseis anos a existência do Foro de São Paulo, o Foro de São Paulo simplesmente não existiria. É claro que isto foi uma vasta operação política tramada entre todas as redações; quem manda na mídia não são os donos (isto é fundamental), quem manda é a redação. O dono ganha dinheiro e fica quieto, em geral nem concorda com que o que o pessoal da redação está fazendo, mas não tem força para mexer na redação. No tempo da ditadura, ninguém conseguia tirar um comunista de uma redação, era impossível. Se tirassem, a mídia inteira parava. Portanto, eles já têm esse controle da mídia desde quarenta ou cinquenta anos atrás, e foi a partir da mídia que eles foram crescendo. Enquanto não for destruída essa hegemonia da Folha de São Paulo e d’O Globo, nada será possível. Este é o objetivo e este deveria ser o alvo primordial. O objetivo não é obter da mídia uma cobertura decente, o objetivo é destruir essas organizações por completo, enquanto elas não saírem do caminho, não haverá liberdade de imprensa neste país – isto é coisa básica. E se não houver liberdade de imprensa, não haverá democracia, não haverá representatividade. (*)
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A mídia foi o primeiro terreno onde o comunopetismo firmou sua hegemonia e de onde partiu, com base firme, para a conquista do restante. É inútil reclamar, é inútil apelar à consciência profissional da classe jornalística, que já não tem nenhuma e enxerga a manipulação do noticiário como um dever e um mérito. A mídia foi e é o CENTRO IRRADIANTE da hegemonia comunopetista e não apenas um suporte externo, como em geral as pessoas imaginam. Ela é o primeiro obstáculo que teria de ser derrubado ANTES de um ataque ao poder federal.
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Sabem por que o Villa está quietinho há meses e nunca mais lançou indiretas contra mim? É porque em julho ele recebeu uma notificação do meu advogado exigindo que explicasse em português claro se o “ideólogo” a que se referia pejorativamente era eu ou algum outro, talvez imaginário. Nada podendo negar nem afirmar, o homenzinho enfiou a viola no saco e preferiu mudar de assunto.
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Pela milésima vez: MAIS IMPORTANTE E MAIS URGENTE do que tirar a Dilma da Presidência é remover os comunistas da mídia e das cátedras universitárias. A Presidência da República é só a condensação simbólica oficial de um poder que se construiu desde baixo por “ocupação de espaços”. Destruir o símbolo não é destruir o poder que o criou.
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Como” remover os comunistas da mídia e das cátedras? Demolindo o seu prestígio em público sem dó nem piedade. Humilhando-os de novo e de novo até que, como recomendava o próprio Lênin, percam a vontade de combater. Isso é um dever de todos os dias. Não adianta nada você participar de protestos anti-Dilma se na sua faculdade você baixa a cabeça perante o professor comunista por medo de notas baixas. Cortei as cabeças de toda uma geração de intelectuais comunistas da mídia, fornecendo o modelo para que se fizesse a mesma coisa com as gerações subseqüentes e na escala menor das universidades, mas não creio que o modelo tenha sido muito utilizado depois.
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Além das presença já anunciadas no II ENCONTRO DE ESCRITORES BRASILEIROS NA VIRGINIA, talvez tenhamos também o Lobão, o Wagner Carelli e o Josias Teófilo. Não sabem ainda se poderão vir, mas tomara que tudo dê certo.
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Não sou contra o impeachment, não sou contra intervenção militar, não sou contra processos judiciais, não sou contra nada que se possa fazer para livrar o Brasil do sistema comunolarápio. Apenas acho que todas essas idéias são muito abstratas, são fatias de uma realidade que, no conjunto e concretamente, é a REVOLUÇÃO BRASILEIRA — a luta do povo contra o estamento burocrático, agora dominado pelo Foro de São Paulo com amplo respaldo internacional. Todas as idéias são boas, mas nenhuma, por si, tem a amplitude estratégica necessária para dar conta do problema. É preciso muito diálogo, muita fusão de perspectivas parciais — e isso só virá com o tempo e o acúmulo de experiência. Isso quer dizer que, quando desço o cacete em alguma idéia de jerico, não desejo destruir, desmoralizar ou desestimular os seus criadores. A rigor, apóio TODOS os movimentos antipetistas, só acho que têm muito a aprender uns com os outros em vez de tentar impor estratégias limitadas e lutar por elas como se fossem a salvação da lavoura.
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O que todos os movimentos deveriam fazer agora, no meu modesto entender, é formar um Estado-Maior — um centro de debates estratégicos sem poder decisório, apenas consultivo, para fornecer diagnósticos e delinear cenários possíveis, Numa situação complexa como aquela que o Brasil vive hoje, nenhuma quantidade de debates é excessiva, desde que ninguém tenha pressa de tomar decisões práticas antes de enxergar o quadro inteiro com suficiente clareza. Essa é uma lição que deveríamos aprender com a velha esquerda (não a nova). Esquerdistas sempre debateram as estratégias por anos a fio, sem pressa de achar soluções mágicas. Foi assim que chegaram ao poder, mas em seguida entraram numa decomposição intelectual deplorável.
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Em 2003 tentei formar uma organização desse tipo, com estudiosos de várias regiões do país. Tivemos de parar por falta de dinheiro para reunir o pessoal.
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Quer dizer: Estamos doze anos atrasados num projeto que, quando começou, já estava atrasado em treze anos.
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O PT achou que podia encarnar o espírito da revolução brasileira e realizá-la. Pura arrogância da elite comunista, que, apesar da ajuda recebida do Raymundo Faoro, nunca entendeu nem mesmo a sua própria situação no mundo, quando mais a da sociedade brasileira. A revolução brasileira não pode ser descrita em termos de “luta de classes”, pois o que está em jogo não é a “posse dos meios de produção” e sim a posse do Estado. Como dizia o Faoro, é o povo contra o “estamento burocrático”, os “donos do poder”. Como o PT, com a maldita estratégia gramsciana de “ocupação de espaços”, se transformou ele próprio no estamento burocrático e aliás o tornou mais egoísta e explorador do que nunca, o partido perdeu toda possibilidade de liderar a revolução brasileira (felizmente, porque ele lhe daria orientação comunista) e abriu a brecha para que o povo mesmo faça a revolução CONTRA ELE e seus cúmplices. É a maior oportunidade histórica que os brasileiros já tiveram.

* - Trecho do hangout de Olavo de Carvalho, Marco Feliciano e Denise Abreu. Transcrito por Carla Farinazzi para o blog Olavo de Carvalho - Notas nas Redes Sociais.

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