sexta-feira, 27 de junho de 2014

ATRASO NACIONAL - RAFAEL BRASIL 23.11.2006




ATRASO NACIONAL


Novamente mais um governo assume, ou melhor reassume, com a tarefa, muitas vezes difusa de empreender o crescimento econômico, única fórmula para tirar o país da miséria, incluir os chamados excluídos, os hoje dependentes das esmolas oficiais. O que ninguém diz claramente, talvez esta palavra esteja fora de moda, pois foi cunhada em torno dos anos trinta do século XIX, ou mesmo soaria politicamente incorreta, mas o país precisa é de capitalismo. Isto mesmo. O velho capitalismo livre-concorrencial aonde o estado seja forte, mas na regulamentação das atividades econômicas, ou seja, na popular institucionalização das regras do jogo. Que o estado seja transparente, e verdadeiramente democrático, no sentido de ser eficiente para a massa da população nas suas tarefas básicas, saúde, educação e segurança. Que, afinal, o estado não seja objeto de pilhagens por ratos que, costumeiramente privatizam o mesmo, com as contumazes roubalheiras, que nos fazem pensar que o bom mesmo é ser ladrão. Ademais, nunca em toda a história deste país, se roubou tão descaradamente. Precisamos urgentemente, pelo menos neste aspecto, da formação de uma espécie de antigo PT na oposição. O de hoje, comanda a ladroeira nacional, e com a maior cara de pau. Será que tudo que passou foi uma ilusão? Que estamos todos doidos? Ninguém diz, mas precisamos de capitalismo. Que a produção e o consumo sejam despenalizadas, e o estado limpo dos espertalhões.
Neste sentido, seria bom que o presidente fizesse a reforma previdenciária e do estado, propondo à sociedade e aos políticos a cortarem os salários do legislativo e do judiciário. Sete mil já dava demais para estes congressistas, que teriam suas mordomias também reduzidas. Depois o judiciário. É um absurdo um juiz do STF por exemplo, ganhar mais de vinte mil contos. Uns, descaradamente, ainda acham pouco, e dizem isso com a cara mais safada possível, a popular cara lisa, ou mesmo de pau.
Precisamos baixar urgentemente os impostos, sobretudo para quem trabalha e produz, e os programas sociais seriam realmente condicionados a algum tipo de capacitação profissional. Em economia não existe almoço grátis, diria Milton Friedman, o gênio do liberalismo recém falecido. Já que nós pagamos a conta, precisamos da contrapartida, que não pode continuar a ser nenhuma. Até a igreja já criticou a falta de critérios para tal programa, através de sua representação maior, a poderosa CNBB. Que hoje junta padres conservadores com os de passeata, num tremendo colorido, digamos, ideológico cristão.
Capitalismo, eis a palavra, é o que precisamos. Por isso, para acabar ou pelo menos diminuir a corrupção estatal, precisamos, não só de leis mais rígidas, mas profissionalizar o serviço público, tirando dos governantes de plantão o poder de nomear. Milhares de ditadorezinhos iriam chorar por esse imenso país, sem ter o direito de perseguir seus indefesos insubmissos eleitores. Os secretários das prefeituras, como educação e saúde teriam suas vagas asseguradas pelo alcance de metas previamente estabelecidas, dependendo das necessidades do lugar. Se estas metas não fossem alcançadas, seriam imediatamente substituídos, que tal? E o número de secretarias seriam estabelecidas pelos estados, ou mesmo pelo governo federal.
Para melhorar ainda, teríamos que vender o restante das estatais, a começar pela PETROBRÁS, e pelos bancos estatais. Extinguir secretarias inúteis, e mamatas historicamente estabelecidas. Seria preciso mesmo uma revolução, a tão esperada e nunca efetivada revolução burguesa e capitalista, ainda que com pelo menos duzentos anos de atraso. Nossa revolução burguesa, ainda que tardia, talvez seja a nossa esperança de que nesse século não iremos virar uma grande África, ou pelo menos um imenso Paraguai. Diferentemente da música Fado Tropical de Chico Buarque, em lugar de um imenso Portugal, nos transformaríamos num imenso Paraguai, e teríamos um “grande futuro”.
Se o nosso presidente realmente trabaiá, querendo mesmo ver o nosso país crescer e ter futuro, tem que fazer essas coisas, que soam amargas para muita gente que se acha importante nesse miserável país. Mas, um pouco depois, com algumas décadas de atraso, assistiremos o tão propalado milagre do crescimento, que afinal os leitores poderão observar que, não existe parto sem dor, como também , como foi dito anteriormente, em economia, não existe almoço grátis. Viva Milton Friedman mais uma vez, o grande neoliberal que morreu recentemente. Mas será que este presidente tem peito e sobretudo articulação política para fazer tais coisas? Não creio, mas gostaria de morder a língua.

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