sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Estelionato eleitoral e o desmonte dos banco públicos - POR MANSUETO ALMEIDA

Hoje, eu realmente me surpreendi com a postura nada republicana do nosso ministro da fazenda. Se ele tivesse um pouco de respeito ao cargo que ocupa escreveria uma carta para Armínio Fraga pedindo desculpas.
Para a surpresa de todos e espanto geral da nação, o nosso ministro da fazenda declarou hoje em São Paulo que (veja aqui no UOL):
 “……uma redução no papel que os bancos públicos vêm desempenhando na política econômica e afirmou que os cortes de despesas em estudo pelo governo deve envolver a redução de subsídios financeiros….. Mantega citou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como um exemplo de onde poderia ocorrer essa redução”.
Quando falávamos a mesma coisa, Mantega era o primeiro a nos acusar que queríamos fechar bancos públicos e cortar o PSI. O ministro vai fazer exatamente a mesma coisa e pior, pois dada a falta de confiança o custo do ajuste com eles terá que ser mais profundo.
Além de falar que vai diminuir os subsídios, algo que a candidata sempre negou ao longo da campanha eleitoral, o nosso ministro da fazenda falou também esta manhã que:
“Do ponto de vista da política fiscal, temos que caminhar para um aumento gradual do [superavit] primário, em relação ao resultado de 2014″, acrescentou. “Para isso nós temos agora que fazer uma redução das despesas, uma redução importante das despesas.”
Os dados fiscais de outubro já fechados e que serão divulgados apenas no final de novembro são tão ruins, do lado da despesa, quanto os de setembro. A despesa com seguro-desemprego e abono salarial, assistência social e previdência vieram novamente muito alto e o crescimento da despesa foi ainda maior do que no mês passado, quando tivemos um déficit recorde.
Na entrevista publicada hoje, no Valor Econômico, a presidenta já sinaliza a possibilidade de modificar o seguro desemprego, mudar o abono salarial e fazer uma reforma da previdência para endurecer as regras de concessão de pensão por morte. Isso é reduzir gasto social. Isso na linguagem da candidata Dilma é estelionato eleitoral.
Para terminar dois rápidos comentários. Primeiro, pelo andar da carruagem, Armínio Fraga será tido daqui a pouco tempo como um economista de esquerda. Acho que, em algum momento, Luiz Gonzaga Belluzzo pedirá ao Armínio e outros economistas que participaram da campanha do Aécio assinas um manifesto contra as medidas heterodoxas deste governo (posso falar das elites?).
Segundo, a decepção dos movimentos sindicais e dos sindicatos dos bancários com a presidente Dilma não será daqui a um ano, mas sim daqui a algumas semanas. Isso vale também para muito dos economistas que assinaram o manifesto por desenvolvimento com inclusão social. Eu confesso que não esperava “tanta maldade” do ainda ministro Mantega e da presidente Dilma. Não me surpreenderia se Mantega continuasse no governo já que é o exemplo perfeito de “uma metamorfose ambulante”.

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